quinta-feira, 29 de janeiro de 2015

O CALVINISMO E A SUA ATUAL INFLUÊNCIA NO PENTECOSTALISMO ASSEMBLEIANO BRASILEIRO
Ao longo da História da Igreja alguns esquemas teológicos foram elaborados com o propósito de sistematizar e preservar a sã doutrina, defendendo-a assim das heresias. Em se tratando da doutrina da salvação, dois arcabouços teológicos ganham destaque: o arminianismo e o calvinismo. O calvinismo é a tradição teológica da qual o reformador protestante João Calvino (1509-1564) é o proponente mais famoso. Já o arminianismo clássico é oriundo do movimento de oposição à perspectiva de salvação dos reformados calvinistas, que foi iniciado pelo teólogo e pastor Holandês Jacó Armínio (1569-1609). A doutrina da salvação adotada pelas Assembleias de Deus no Brasil e pelas Igrejas Batistas é basicamente arminiana. O calvinismo é adotado principalmente pelas Igrejas Presbiterianas e Congregacionais. Nos últimos anos a teologia reformada calvinista ganhou espaço e notoriedade no cenário nacional. Destaco particularmente, dentre tantas, as seguintes razões: - A Publicação de excelentes livros no campo da teologia em geral (é importante salientar que em vários pontos a teologia reformada calvinista concorda com outros sistemas teológicos) - A Publicação de diversos livros propagando a teologia reformada calvinista - A Organização de eventos de grande impacto e público com a participação de teólogos e pastores reformados calvinistas - A relevância nacional das instituições de ensino superior e teológico das igrejas reformadas - A propagação do calvinismo nas redes sociais e internet em geral - O surgimento no Brasil de excelentes expositores da Palavra dentre as igrejas reformadas calvinistas - A falta de posicionamento da liderança pentecostal assembleiana nacional em relação à teologia reformada calvinista - A falta de conhecimento entre os pentecostais assembleianos dos fundamentos da teologia arminiana - A falta de publicação e escassez de obras com conteúdo teológico arminiano Diante dos fatos aqui exposto, em se tratando da doutrina da salvação (soteriologia), obreiros e irmãos pentecostais assembleianos estão absorvendo e adotando a teologia calvinista. Diversos deles já me confessaram isso pessoalmente, enquanto outros passaram a congregar em igrejas reformadas. Os órgãos oficiais das Assembleias de Deus no Brasil, juntamente com a liderança nacional e regional da igreja, precisam dar uma resposta diante do atual cenário, para que a razão de ser de nosso sistema doutrinário e teológico seja amplamente conhecido de todos os membros e congregados da denominação. Em suas publicações literárias, nas Escolas Bíblicas de Obreiros e Jovens, na Escola Bíblica Dominical, nos cultos de ensino regulares, nas Escolas Teológicas, em todos os demais eventos e espaços educativos, nas redes sociais, blogs e sites, o conteúdo e os fundamentos da nossa teologia da salvação precisam ser difundidos. Tenhamos cuidado com os ventos de doutrina, e sigamos a verdade em amor (Ef 4.11-16). Altair Germano – Pastor, teólogo, pedagogo, escritor e conferencista. Atualmente é o 1º Vice-Presidente da Assembleia de Deus em Abreu e Lima-PE (COMADALPE), Vice-Presidente do Conselho de Educação e Cultura da Convenção Geral das Assembleias de Deus no Brasil – CGADB.
CONVENÇÃO DA CONADEC 2015:
"...MESA DIRETORA DA CONADEC ELEITA 2015!" PARABÉNS A TODOS OS ELEITOS.

terça-feira, 27 de janeiro de 2015

A GRAÇA PREVENIENTE NA TEOLOGIA ARMINIANA E WESLEYANA:
Diversas denominações evangélicas no Brasil não são adeptas da teologia reformada calvinista no que diz respeito ao entendimento da doutrina da salvação. A soteriologia de tais denominações reproduz ou se aproxima da teologia arminiana clássica e da teologia wesleyana. O calvinismo é a tradição teológica da qual o reformador protestante João Calvino (1509-1564) é o proponente mais famoso.[1] Já o arminianismo clássico é oriundo do movimento de oposição à perspectiva de salvação dos reformados calvinistas, que foi iniciado pelo teólogo e pastor Holandês Jacó Armínio (1569-1609).[2] A tradição reformada calvinista e a tradição reformada arminiana clássica possuem diversos pontos em comum no campo teológico, mas divergem consideravelmente acerca da doutrina da salvação, chegando nesse aspecto ao nível da incompatibilidade. Neste artigo daremos ênfase nas diferentes perspectivas de como a graça de Deus age sobre a vida do perdido pecador. Arminianos clássicos e calvinistas concordam no fato de que o pecado afetou todos os aspectos da personalidade humana, inclinando-nos à rebelião e ao mal, tornando-nos completamente indispostos a nos submeter a Deus à Sua boa, perfeita e agradável vontade. Estamos mortos em nossos delitos e pecados (Ef 2.1). Trata-se aqui da depravação total do homem caído. As diferenças entre os arminianos clássicos e wesleyanos, dos pensadores calvinistas, surgem no entendimento de como Deus trata com os pecadores nessa condição. Do ponto de vista arminiano clássico: [...] Deus estende graça suficiente para todas as pessoas através do Espírito Santo, para opor-se à influência do pecado e capacitar uma resposta positiva a Deus (Jo 15.26-27; 16.7-11). A iniciativa aqui é inteiramente da parte de Deus; o papel do pecador é simplesmente responder em fé e grata obediência (Lc 15; Rm 5.6-8; Ef 2.4-5; Fp 2.12-13). Todavia, os pecadores podem resistir à iniciativa de Deus, e persistir no pecado e rebelião. Em outras palavras, a graça de Deus capacita e encoraja uma resposta positiva e salvífica para todas as pessoas, mas ela não determina uma resposta salvífica para ninguém (At 7.51). Além disso, uma resposta positiva inicial de fé e obediência não garante a salvação final de alguém. É possível iniciar um relacionamento genuíno com Deus, mas então, posteriormente, se afastar Dele, e persistir no mal de sorte que a pessoa, por fim, se perca (Rm 8.12-13; 11.19-22; Gl 5.21; 6.7-10; Hb 6.1-8; Ap 2.2-7).[3] Passaremos a observa como Armínio e Wesley lidaram com a graça preveniente. A GRAÇA PREVENIENTE NA TEOLOGIA DE ARMÍNIO O posicionamento de Armínio sobre a graça preveniente foi registrado em sua Declaração de Sentimentos: Eu atribuo à graça o começo, a continuidade e a consumação de todo bem, e a tal ponto eu estendo sua influência, que um homem, embora regenerado, de forma nenhuma pode conceber, desejar, nem fazer qualquer bem, nem resistir a qualquer tentação do mal, sem esta graça preveniente e estimulante, seguinte e cooperante. Desta declaração claramente parecerá que, de maneira nenhuma, eu faço injustiça à graça, atribuindo, como é dito de mim, demais ao livre-arbítrio do homem. Pois toda a controvérsia se reduz à solução desta questão, “a graça de Deus é uma certa força irresistível”? Isto é, a controvérsia não diz respeito àquelas ações ou operações que possam ser atribuídas à graça, (pois eu reconheço e ensino muitas destas ações ou operações quanto qualquer um) mas ela diz respeito unicamente ao modo de operação, se ela é irresistível ou não. Em se tratando dessa questão, creio, de acordo com as Escrituras, que muitas pessoas resistem ao Espírito Santo e rejeitam a graça que é oferecida.[4] Para Armínio, a salvação pessoal é um ato da iniciativa da graça de Deus, mas que não é irresistível. Após a morte de Armínio, quarenta e seis ministros holandeses elaboraram um documento chamado de “Remonstrância” (protesto), onde reafirmaram os conceitos de Armínio. Em seu Artigo III, enfatizando a depravação total do homem afirma: Que o homem não possui por si mesmo graça salvadora, nem as obras de sua própria vontade, de modo que, em seu estado de apostasia e pecado para si mesmo e por si mesmo, não pode pensar nada que seja bom – nada, a saber, que seja verdadeiramente bom, tal como a fé que salva antes de qualquer outra coisa. Mas que é necessário que, por Deus em Cristo e através de seu Santo Espírito, seja gerado de novo e renovado em entendimento, afeições e vontade e em todas as suas faculdades, para que seja capacitado a entender, pensar, querer e praticar o que é verdadeiramente bom, segundo a Palavra de Deus [Jo 15.5].[5] Sobre a possibilidade da graça preveniente ser resistida, foi escrito no Artigo IV do mesmo documento que: Que esta graça de Deus é o começo, a continuação e o fim de todo o bem; de modo que nem mesmo o homem regenerado pode pensar, querer ou praticar qualquer bem, nem resistir a qualquer tentação para o mal sem a graça precedente (ou preveniente) que desperta, assiste e coopera. De modo que todas as obras boas e todos os movimentos para o bem, que podem ser concebidos em pensamento, devem ser atribuídos à graça de Deus em Cristo. Mas, quanto ao modo de operação, a graça não é irresistível, porque está escrito de muitos que eles resistiram ao Espírito Santo.[6] O pensamento de Armínio reverberou ao longo dos anos encontrando guarida em diversos arcabouços teológicos. A GRAÇA PREVENIENTE NA TEOLOGIA DE WESLEY John Wesley (1703-1791), o grande teólogo e pregador inglês, pai do metodismo, movimento que influenciou o surgimento do pentecostalismo clássico, entendia a salvação do homem nos moldes do arminianismo clássico: A graça opera diante de nós para nos atrair em direção à fé, para iniciar sua obra em nós. Até mesmo a primeira e frágil intuição da convicção do pecado, a primeira insinuação de nossa necessidade de Deus, é a obra da graça preparadora e antecedente à beira do nosso desejo, trazendo-nos em tempo de afligirmo-nos sobre nossas próprias injustiças, desafiando nossas disposições perversas, de modo que nossas vontades distorcidas gradualmente cessam de resistir ao dom de Deus.[7] Sobre o estado de depravação humana Wesley comenta: O homem, por natureza, é repleto de todo o tipo de maldade? É vazio de todo o bem? É totalmente caído? Sua alma está totalmente corrompida? Ou, para fazer o teste ao contrário, “toda imaginação dos pensamentos de seu coração [é] só má continuamente”? Admita isso, e até aqui você é um cristão. Negue isso, e você ainda é um pagão.[8] Em seu sermão “O caminho para o Reino”, diz: Você é corrompido em cada poder, em cada faculdade de sua alma, por ser corrompido em cada um desses aspectos, toda fundação do seu ser está fora de curso.[9] Em outro sermão intitulado “A Falsidade do Coração Humano” enfatiza que: “No coração de todo filho de homem há um fundo inexaurível de maldade e injustiça, enraizado de forma tão profunda e firme na alma que nada, a não ser a graça toda-poderosa, pode curar isso.[10] Diversos estudiosos da teologia de John Wesley reafirmaram o seu pensamento soteriológico arminiano clássico: Em termos de contribuições mais modernas, George Croft Cell, no início do século XX, sustentou que Wesley, na verdade, “planta seus pés igualmente nas pegadas deixadas por Paulo, Agostinho, Lutero e Calvino”. Willian Cannon, fazendo uma declaração semelhante, afirma que Wesley, o teólogo arminianista, “percorre todo o caminho com Calvino, com Lutero e com Agostinho em sua insistência de que o homem é, por natureza, totalmente destituído de justiça e está sujeito ao julgamento e à ira de Deus” [...].[11] As conclusões que se podem obter, conforme Richard Taylor, é que: Jacó Armínio e John Wesley eram totalmente agostinianos nos seguintes aspectos: (a) a raça humana é universalmente depravada como resultado do pecado de Adão; (b) a capacidade do homem de querer o bem está tão debilitada que requer a ação da graça divina para que possa alterar seu curso e ser salvo.[12] No que diz respeito ao entendimento sobre a operação da graça na vida do homem perdido e morto em seus delitos e pecados, assim como Armínio, Wesley diverge de Agostinho e dos reformistas do século XVI, defendendo que a graça preveniente, fundamentada na obra salvífica de Jesus Cristo, opera na restauração do livre-arbítrio, de maneira sobrenatural, pelo Espírito Santo, em todas as pessoas; as quais, à parte dessa restauração, do ponto de vista soteriológico, não são livres. Dessa forma, Wesley se afasta tanto do semipelagianismo católico romano que nega a total depravação humana, quanto do determinismo de Wittenberg e Genebra que elimina a responsabilidade moral do homem na aceitação ou na rejeição da oferta de salvação mediante a graça preveniente.[13] Sobre a ideia de graça irresistível, Wesley não defende tal realidade no que se refere aos aspectos do chamado ou oferta para a salvação, mas ao restabelecimento das faculdades humanas que estabelecem o equilíbrio e responsabilidade individuais: Mais uma vez, a graça preveniente não é irresistível no sentido de que a personalidade é aniquilada nem de que já existe um “eu” responsável viável que apenas é suprido com as faculdades. Antes, essa graça é necessária, na verdade, é imprescindível no melhor sentido do termo “antecedência” a fim de produzir no ser um “eu” responsável, em parte, precisamente pela restauração das faculdades. Simplificando, o princípio do processo da salvação não requer a graça cooperante (a essa altura, uma impossibilidade total), mas a graça livre, a atividade apenas de Deus.[14] CONCLUSÃO Torna-se assim evidente, que a doutrina da graça preveniente de Armínio e Wesley concorda com a concepção de depravação total e salvação somente pela graça, conforme Lutero e Calvino, mas discorda no sentido de que Deus predestinou poucos homens para a salvação, deixando a maior parte da humanidade na condenação do inferno eterno, de que a graça salvadora é irresistível, e que é direcionada apenas aos eleitos: A eleição de Deus é um ato incondicional da graça livre, dada por meio de seu filho Jesus, antes de o mundo existir. Por meio deste ato, Deus escolheu, antes da fundação do mundo, aqueles que seriam libertos da escravidão ao pecado e levados ao arrependimento e à fé salvadora em Jesus.[15] Sobre a ideia da graça irresistível na teologia reformada calvinista, lemos: Isto significa que a resistência que todos os seres humanos exercem cada dia contra Deus (Rm 3.10-12, At 7.51) é vencida maravilhosamente, no tempo próprio, pela graça salvadora de Deus, em favor de rebeldes indignos, os quais ele escolhe salvar espontaneamente. [16] Na perspectiva calvinista, para tornar a graça irresistível, Deus age mudando a nossa vontade, sem necessariamente agir contra a nossa vontade.[17] Com certeza, um argumento insustentável à luz da doutrina bíblica da salvação, e da responsabilidade moral do homem enquanto um ser livre. O conhecido apelo evangelístico que diz “dê um passo para Deus que Ele dará dois em sua direção”, não se sustenta à luz do arminianismo clássico e do pensamente wesleyano. Tal apelo é norteado pelo arminianismo de cabeça[18] e arminianismo contemporâneo[19], que são essencialmente semipelagianos, e que acreditam que o homem não se encontra no estado de depravação total, podendo de alguma maneira tomar a iniciativa de buscar a Deus e de conseguir a sua salvação pessoal. É também infundada e falsa a acusação calvinista de que o arminianismo clássico defende a ideia de que o homem após a queda não se tornou totalmente depravado, de que pode escolher o bem espiritual, e de exercer fé em Deus de maneira a receber o evangelho e assim tomar posse da salvação para si mesmo.[20] Toda salvação pessoal é resultado da iniciativa graciosa de Deus, que abre o entendimento humano para a verdade do Evangelho, e que afrouxa as rédeas do poder do pecado. Somente a operação da graça preveniente torna o homem capaz de crer e aceitar o dom gratuito de Deus, que é a vida eterna em Cristo Jesus (Ef 2.1-10), ou de livremente rejeitá-lo, tornando-se assim moralmente responsável por tais decisões. [1] WALLS, Jerry; DONGELL. Por que não sou calvinista. São Paulo: Editora Reflexão, 2014, p. 12. [2] OLSON, Roger E. Teologia Arminiana: mitos e realidades. São Paulo: Editora Reflexão, 2013, p. [3] WALLS, Jerry L.; DONGEL, Joseph R. Ibid., p. 14. [4] ARMINIUS, A Declaration of Sentiments, Works. V. 1, p. 664 apud OLSON, Roger E. Teologia Arminiana: mitos e realidades. São Paulo: Editora Reflexão, 2013, p. 210. [5] Cinco Artigos da Remonstrância. Wikipédia.org, acesso em 26/01/2015. [6] Ibid. [7] Oden, Thomas C. John Wesley´s Scriptural Christianity. Grand Rapids: Zondervan, 1994, p. 246 apud OLSON, Roger E. Teologia Arminiana: mitos e realidades. São Paulo: Editora Reflexão, 2013, p. 219. [8] Outler, Sermons, p. 2:179 apud COLLINS, Kenneth J. Teologia de John Wesley. Rio de Janeiro: CPAD, 2010, p. 97. [9] Ibid. [10] Ibid. [11] Ibid., p. 99. [12] Ibid. [13] Ibid., p. 105. [14] Ibid., p. 109. [15] PIPER, John. Cinco Pontos: em direção a uma experiência mais profunda da graça de Deus. São José dos Campos, SP: Editora Fiel, 2014, p. 17. [16] Ibid., p. 18 [17] Ibid., p. 39. [18] O arminianismo de cabeça possui uma ênfase no livre-arbítrio que está alicerçada no iluminismo e é mais tarde comumente encontrado nos círculos protestantes liberais [...]. Sua marca característica é uma antropologia otimista que nega a depravação total e a absoluta necessidade de graça sobrenatural para a salvação. É otimista acerca da habilidade de seres humanos autônomos em exercerem uma boa vontade para Deus e seus semelhantes sem a graça preveniente (capacitadora, auxiliadora) sobrenatural, ou seja, é pelagiano ou no mínimo semipelagiano. (OLSON, Roger E. Teologia Arminiana: mitos e realidades. São Paulo: Editora Reflexão, 2013, p. 23.) [19] Talvez a fraqueza mais séria do arminianismo contemporâneo seja a sua visão de pecado Com muita frequência, os arminianos restringem o problema do pecado para a questão da culpa, amplamente entendido como uma (mera) sujeição a um julgamento futuro. O evangelismo arminiano, portanto, frequentemente foca unicamente na oferta de perdão para evitar essa ameaça, apresentando seu convite com a presunção de que a platéia goza de liberdade da vontade, julgamento relativamente equilibrado, e uma abertura para considerar, de maneira imparcial, a mensagem do Evangelho. Por conseguinte, o fator mais importante para determinar o grau de sucesso no evangelismo é o poder do evangelista, que em lógica, persuasão ou charme pessoal. Tal pensamento arminiano contemporâneo surgiu nas gerações subseqüentes a Wesley, e em especial no metodismo estadunidense. (WALLS, Jerry; DONGELL. Por que não sou calvinista. São Paulo: Editora Reflexão, 2014, p. 64. [20] SEATON, W. J. Os cinco pontos do calvinismo. 3.ed. São Paulo: PES, 2012, p.4-5. Postado por ALTAIR GERMANO

sexta-feira, 23 de janeiro de 2015

Vem aí, mais um tradicional retiroda Assembleia de Deus em Cedro:
Ev. Eduardo Borges & o Pb. Almir Fernandes, apresentando o programa: Os Mensageiros da Fé;Pela rádio cultura am, domingo as 14 hs - Programa da Assembleia de Deus, campo Várzea alegre,Presidida pelo Pr fabiano.
1Trim2015_Lição 4: Não farás imagens de escultura
1º Trimestre de 2015 Lição 4 25 de janeiro de 2015
LIÇÃO 4: Não farás imagens de esculturas TEXTO ÁUREO “Portanto, meus amados, fugi da idolatria” (1Co 10.14). VERDADE PRÁTICA O segundo mandamento proíbe a idolatria, adoração de ídolo, imagem de um deus ou de qualquer objeto de culto. LEITURA DIÁRIA Segunda - Lv 19.4 Deus proíbe a fabricação de ídolos e deuses de fundição S Terça - Dt 4.12 A adoração a Deus deve ser sem imagens e sem figuras T Quarta - Mt 4.10 Somente Deus deve ser adorado e a Ele devemos servir Q Quinta - Jo 4.24 Deus é Espírito e deve ser adorado em espírito e em verdade Q Sexta - At 17.24,25 Deus não habita em templo feito por mãos humanas S Sábado - 1Jo 5.21 O combate à idolatria é mantido pelo apóstolo João S LEITURA BÍBLICA EM CLASSE Êxodo 20.4-6; Deuteronômio 4.15-19. Êxodo 20 4 - Não farás para ti imagem de escultura, nem alguma semelhança do que há em cima nos céus, nem em baixo na terra, nem nas águas debaixo da terra. 5 - Não te encurvarás a elas nem as servirás; porque eu, o SENHOR, teu Deus, sou Deus zeloso, que visito a maldade dos pais nos filhos até à terceira e quarta geração daqueles que me aborrecem 6 - e faço misericórdia em milhares aos que me amam e guardam os meus mandamentos. Deuteronômio 4 15 - Guardai, pois, com diligência a vossa alma, pois semelhança nenhuma vistes no dia em que o SENHOR, vosso Deus, em Horebe, falou convosco, do meio do fogo; 16 - para que não vos corrompais e vos façais alguma escultura, semelhança de imagem, figura de macho ou de fêmea; 17 - figura de algum animal que haja na terra, figura de alguma ave alígera que voa pelos céus; 18 - figura de algum animal que anda de rastos sobre a terra, figura de algum peixe que esteja nas águas debaixo da terra; 19 - e não levantes os teus olhos aos céus e vejas o sol, e a lua, e as estrelas, todo o exército dos céus, e sejas impelido a que te inclines perante eles, e sirvas àqueles que o SENHOR, teu Deus, repartiu a todos os povos debaixo de todos os céus. OBJETIVO GERAL Mostrar que Deus se revela ao homem sem a necessidade de meras reproduções. OBJETIVOS ESPECÍFICOS Após esta aula, o aluno deverá estar apto a: Abaixo, os objetivos específicos referem-se aos que o professor deve atingir em cada tópico. Por exemplo, o objetivo I refere-se ao tópico I com os seus respectivos subtópicos. I. Explicar a proibição bíblica quanto à idolatria. II. Apresentar a característica zelosa de Deus. III. Conscientizar sobre o verdadeiro culto a Deus. IV. Esclarecer quanto à idolatria da teologia romana. Preciso de sua ajuda para continuar escrevendo os subsídios. Se você tem sido ajudado semanalmente com estes comentários, e deseja que eles permaneçam sendo disponibilizados, clique aqui e saiba como ajudar: Mantenha este Blog! COMENTÁRIO INTRODUÇÃO O primeiro mandamento estabelece a adoração somente a Deus e a mais ninguém. A ordem do segundo mandamento é para adorar a Deus diretamente, sem mediação de qualquer objeto. A idolatria é o primeiro dos três pecados capitais na tradição judaica, “a idolatria, a impureza e o derramamento de sangue”. Os cristãos devem se abster da contaminação dos ídolos (At 15.20). [Comentário: No preludio do primeiro mandamento Deus se revela. O segundo mandamento está muito próximo do primeiro por ser também de ordem espiritual e afirmar, como aquele, a existência de um Deus vivo, o único que deve ser adorado. Aqui, YHWH terminantemente proíbe a adoração aos ídolos e o culto a qualquer imagem de escultura ou de pintura que possa ser tomado como objeto de adoração. É nesse sentido que Matthew Henry afirma que “o segundo mandamento diz respeito às ordenanças da adoração, ou à maneira segundo a qual Deus deverá ser adorado, o que é adequado que Ele mesmo indique. Aqui temos: A proibição. Aqui somos proibidos de adorar até mesmo o Deus verdadeiro, em imagens, w. 4,5. [1] Os judeus (pelo menos, depois do cativeiro) se julgaram proibidos, por este mandamento, de fazer qualquer imagem ou pintura. Consequentemente as imagens que os exércitos romanos tinham em suas insígnias são chamadas de abominações por eles (Mt 24.15), especialmente quando são colocadas no lugar santo.” HENRY. Matthew. Comentário Antigo Testamento Gênesis a Deuteronômio. Editora CPAD. pag. 292.] Convido você para mergulharmos mais fundo nas Escrituras! I. PROIBIÇÃO À IDOLATRIA 1. Ídolo e imagem. O termo hebraico empregado aqui para “imagem de escultura” (Êx 20.4; Dt 5.8) é péssel, usado no Antigo Testamento para designar os deuses (Is 42.17), como Aserá, a divindade dos cananeus (2Rs 21.7, TB — Tradução Brasileira). Esses ídolos eram esculpidos em pedra, madeira ou metal (Lv 26.1; Is 45.20; Na 1.14). A Septuaginta traduz péssel pela palavra grega eidolon, “ídolo”, a mesma usada no Novo Testamento (1Co 10.14; 1Jo 5.21). O ídolo é um objeto de culto visto pelos idólatras como tendo poderes sobrenaturais e a imagem é a representação do ídolo. [Comentário: Aserá (אֲשֵׁרָה‎) é, na mitologia semítica, uma deusa mãe canaanita da fertilidade, do amor e da guerra, que aparece em várias fontes acadianas escritas pelo nome de Ashratum/Ashratu e entre os hititas Asherdu, Ashertu, Aserdu ou Asertu. Aserá é geralmente considerada idêntica à deusa ugarita Athirat ou Atirat. O livro de Jeremias refere-se a Aserá quando menciona a "rainha dos céus" nos capítulos 7,18 e 44,18 na qual Jeremias condena o culto à "rainha dos céus". Jeremias, assim como Isaías, descreve o fútil processo de manufatura de ídolo (Jr 10.3-9), mas, depois, apresenta a importante conclusão do ponto de vista teológico de que esses “deuses, que não fizeram nem os céus nem a terra, desaparecerão da terra e de debaixo dos céus” (Jr 10.11). Os produtores deles, continua ele, são “estúpidos e ignorantes; cada ourives é envergonhado pela imagem que esculpiu” (v. 14a). Quanto aos ídolos, eles “são uma fraude, eles não têm fôlego de vida. São inúteis, são objetos de zombaria. Quando vier o julgamento delas, perecerão” (w. 14b, 15). Em contrapartida, Jeremias declara: “Aquele que é a porção de Jacó nem se compara a essas imagens, pois ele é quem forma todas as coisas, e Israel é a tribo de sua propriedade” (v. 16). Esse é exatamente o ponto dos dois primeiros mandamentos. Não havia nenhum Deus além do Senhor de Israel, e os ídolos e as imagens que representavam outras deidades eram criações do homem e, portanto, não representavam nada. Para Israel, adorá-las representava cometer um sacrilégio abominável. O Comentário Bíblico Beacon (CPAD) esclarece que “Como o primeiro mandamento afirma a unidade de Deus e é um protesto contra o politeísmo, assim o segundo afirma sua espiritualidade e é um protesto contra a idolatria e o materialismo.” Embora certas formas de idolatria não sejam materiais — por exemplo, a avareza (Cl 3.5) ou a sensualidade (Fp 3.19) —, o segundo mandamento condena primariamente a fabricação de imagens (4) na função de objetos de adoração. Este tipo de idolatria sempre existiu entre os povos pagãos mais simplórios do mundo. A história de Israel comprova que esta tentação é traiçoeira”. Leo G. Cox. Comentário Bíblico Beacon. Êxodo. Editora CPAD. pag. 189. Russell Norman Champlin esclarece que “O primeiro mandamento proíbe o politeísmo, e a idolatria e o uso de imagens promoviam cultos politeístas. Portanto, o primeiro mandamento também combate o uso de ídolos. Por motivos assim é que muitos intérpretes pensam que os vss. 4-6 deste capítulo fazem parte do primeiro mandamento. Os vss. 4-6, para a maioria dos grupos protestantes (com a exceção dos luteranos), constituem o segundo mandamento. É proibido o fabrico de qualquer imagem de escultura para fins de adoração. As imagens tendem ou mesmo promovem formas várias de politeísmo, e isso fora estritamente proibido no primeiro mandamento. Além disso, as imagens de escultura, tal como o próprio politeísmo, destroem a natureza ímpar de YHWH, além de injetarem elementos estranhos no pensamento e na adoração religiosos. Grandes segmentos da cristandade têm uma espécie de subpolíteísmo no uso de imagens e na veneração dos “santos”. Digo aqui “sub-politeísmo” porque, acima do mesmo, reservam uma adoração especial a Deus. O que temos, nesses casos, é uma forma de sincretismo onde o antigo politeísmo alia-se ao monoteismo, A cristandade, ao entrar em contacto com culturas pagãs, inventou várias formas de sincretismo, pelo que desobedecem de forma crassa o primeiro e o segundo mandamentos. O primeiro e o segundo mandamentos proibiam qualquer forma de representação idólatra, e a adoração a essas formas”. CHAMPLIN, Russell Norman, Antigo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 388.] 2. Idolatria. O termo “idolatria” vem de eidolon, “ídolo”, e latreia, “serviço sagrado, culto, adoração”. Idolatria é a forma pagã de adoração a ídolos, de adorar e servir a outros deuses ou a qualquer coisa que não seja o Deus verdadeiro. É prática incompatível com a fé judaico-cristã, pois nega o senhorio e a soberania de Deus. Moisés e os profetas viam na idolatria a destruição de toda a base religiosa e ética dos israelitas, além de negar a revelação (Dt 4.23-25). [Comentário: De forma bem sucinta, Charles F. Pfeiffer esclarece que o termo idolatria (latim idolatria, -ae, do grego eidolatreía, -as) é uma transliteração da palavra gr. eidololatria, cujo significado entendemos ser "a adoração a ídolos; a adoração a imagens como divinas e sagradas". Esse vocábulo gr. é uma composição de dois termos: O primeiro é eido (cf. o latim video), significando "ver" e "saber"; assim ele traz em si o conceito básico de "saber por ver". Com base nesse termo foi formada a palavra eidolon, "imagem", que veio a significar especificamente uma imagem de um deus como um objeto de adoração, ou um símbolo material do sobrenatural como tal objeto. O segundo termo é latreia, significando "culto" ou, mais especificamente, "culto ou adoração aos deuses". Idolatria, então, é prestar honras divinas a qualquer produto de fabricação humana, ou atribuir poderes divinos a operações puramente naturais. PFEIFFER .Charles F. Dicionário Bíblico Wycliffe. Editora CPAD. pag. 944.] 3. Semelhança ou figura. A frase “Nem semelhança alguma do que há em cima no céu, nem embaixo na terra, nem nas águas debaixo da terra” (Êx 20.4b; Dt 5.8b), à luz de Deuteronômio 4.12,15, proíbe adorar o próprio Deus verdadeiro por intermédio de qualquer objeto. A palavra hebraica para “semelhança” é temunah, “aparência, representação, manifestação, figura”. Sua ideia básica é de aparência externa, ou seja, uma imagem vista numa visão (Nm 12.8; Dt 4.12,16-18; Jó 4.16; Sl 17.15). Essa proibição inclui a representação de coisas materiais como homens e mulheres, pássaros, animais terrestres, peixes e corpos celestes (Dt 4.16-19). [Comentário: Note que muito das advertências feitas por YHWH ao povo tem a finalidade de evitar práticas da cultura Egípcia. Os egípcios adoravam toda espécie de objetos, como aves, répteis e figuras celestes imaginárias. E não hesitavam em representar tais supostas divindades por meio de imagens. Assim, encontramos este mandamento proibindo esta prática aos filhos de Israel. A tripla designação, “em cima nos céus, nem em baixo na terra, nem nas águas debaixo da terra”, para os antigos, apontavam para a criação inteira. Esta condenação de imagens claramente inclui imagens do Deus verdadeiro, pois é bem certo que algum tipo de imagem estivera em uso entre os ancestrais de Israel. Os ídolos do lar (terafim) de Labão poderiam, é verdade, ter mais valor legal do que significado religioso, mas os que Jacó escondeu debaixo do carvalho no “santuário” em Siquém eram com toda certeza objetos religiosos (Gn 35.2-4). Isto aconteceu antes da doação da lei: mesmo depois disso, imagens não eram algo estranho em Israel (ver Jz 8:27, Gideão; Jz 17:4, Mica; 1 Sm 19:13, Davi). Todavia, a existência de imagens mais tarde em Israel não prova a inexistência de leis contra seu uso.] PONTO CENTRAL Deus se revelou ao homem sem necessidade de mediações sob meras reproduções imagéticas e humanas. SÍNTESE DO TÓPICO I Reproduzir imagens humanas, de animais ou qualquer outra coisa, com a finalidade de adorar, foi proibido ao povo de Deus. II. AMEAÇAS E PROMESSAS 1. O Deus zeloso. O adjetivo hebraico qanna, “zeloso”, aparece apenas cinco vezes no Antigo Testamento (Êx 20.5; 34.14; Dt 4.24; 5.9; 6.15) e está associado ao nome divino el, “Deus”. O zelo de Jeová consiste no fato de ser Ele o único para Israel, e este não deveria partilhar o amor e a adoração com nenhuma divindade das nações. Esse direito de exclusividade era algo inusitado na época e único na história das religiões, pois os cultos pagãos antigos eram tolerantes em relação a outros deuses. [Comentário: O Pr Esequias Soares, comentarista da revista e autor do livro que serve de apoio a este trimestre, escreve: "Porque eu, o SENHOR, teu Deus, sou Deus zeloso, que visito a maldade dos pais nos filhos até à terceira e quarta geração daqueles que me aborrecem e faço misericórdia em milhares aos que me amam e guardam os meus mandamentos" (Êx 20.5b-6; Dt 5.9b-10). O adjetivo hebraico qannã’, "zeloso", aparece apenas cinco vezes no Antigo Testamento (Êx 20.5; 34.14; Dt 4.24; 5.9; 6.15), associado ao nome divino e/, "DEUS". As formulações nas cinco passagens diferem em detalhes. Nos dois textos do Decálogo e em Êxodo 34.14, as palavras ’êl qannã ’ são atributos de Javé. A menção dos deuses não acontece em Deuteronômio 4.24; 6.15. O zelo de Javé consiste no fato de ser ele o único para Israel e não compartilhar o amor e a adoração com nenhuma divindade das nações. Esse direito de exclusividade era algo inusitado na época e único na história das religiões, pois os cultos pagãos antigos eram tolerantes em relação a outros deuses. O termo "zeloso" contém noções de paixão e intolerância; exprime a disposição de Javé abençoar Israel e fazê-lo prosperar, não aceitando um coração dividido. Essa linguagem é representada no relacionamento entre marido e esposa no casamento, na fidelidade (Ct 8.6) e na infidelidade (Os 1.2)”. Esequias Soares. Os Dez Mandamentos. Valores Divinos para uma Sociedade em Constante Mudança. Editora CPAD. pag. 46. A adoração às imagens de escultura é proibida no segundo mandamento. Adoração somente ao zeloso YAHWEH (Êx 34.14; Deu. 5.9; 6.15; 32.16,21; Js 24.19). O povo de Deus pertence exclusivamente a Ele, e só deviam prestar-Lhe lealdade, não imitando os povos circunvizinhos, que contavam com extensos panteões. A idolatria e o uso de imagens eram considerados uma tão grave iniquidade que foram ameaçados poderosos juízos de Deus contra os idólatras, envolvendo até a quarta geração dos mesmos. Os descendentes dos idólatras não podiam escapar ao desprazer de YAHWEH, para quem mil anos é como se fosse um dia (II Pd 3.8; Sl 90.4). Podemos ter certeza de que os juízos de Deus são justos, e envolvem os filhos dos idólatras porque geralmente participam dos pecados de seus pais. Mas em casos de inocência, esses juízos eram suspensos. Todavia, persistiam circunstâncias adversas, criadas anteriormente. Ademais, existe aquela genética espiritual que transmite atitudes e costumes de pais para filhos, etc., provocando assim a ira divina. CHAMPLIN, Russell Norman, Antigo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 391] 2. As ameaças. A expressão “terceira e quarta geração” (Êx 20.5; Dt 5.9) indica qualquer número ou plenitude e não se refere necessariamente à numeração matemática, pois se trata de máxima comum na literatura semítica (Am 1.3,6,11,13; 2.1,4,6; Pv 30.15,18,21,29). O objetivo aqui é contrastar o castigo para “terceira e quarta geração” com o propósito de Deus de abençoar a milhares de gerações. [Comentário: Ainda o Pr Esequias Soares, em obra já citada, esclarece: “As ameaças sobre as gerações daqueles que aborrecem Javé são para os descendentes que continuam envolvidos no pecado dos pais, as sucessivas gerações que aprenderam os pecados dos seus ancestrais e vivem ainda neles. Este princípio aparece outras vezes no Antigo Testamento além das duas passagens do Decálogo (ÊX 34.7; Nm 14.18; Jr 32.18). Deus não permite que filhos inocentes sejam responsabilizados pela maldade dos pais (Dt 24.16; 2 Rs 14.6; Ez 18.2, 3, 20). O verbo "visitar",pãqad, em hebraico, indica uma visita, no sentido de cuidar e também de castigar. O profeta Jeremias emprega esse verbo em ambos os sentidos (Jr 23.2). A expressão "terceira e quarta geração" indica qualquer número ou plenitude e não se refere necessariamente à numeração matemática, pois se trata de máxima comum na literatura semítica (Am 1.3, 6, 11, 13; 2.1, 4, 6; Pv 30.15., 18, 21, 29). O objetivo aqui é contrastar o castigo para a "terceira e quarta geração" com o propósito de Deus de abençoar a milhares de gerações. Outras máximas aparecem no Antigo Testamento com números diferentes: "dois e três” (Jó 33.29); "seis e sete" (Jó 5.19; Pv 6.16); "sete e oito" (Ec 11.2; Mq 6.5), para expressar que a medida da iniquidade está cheia e não há como suspender a ira divina ou a plenitude de algo positivo. Os expositores da doutrina conhecida como maldição hereditária costumam usar de maneira isolada uma parte deste mandamento, "visito a maldade dos pais nos filhos até à terceira e quarta geração daqueles que me aborrecem", para fundamentar a sua teoria. Afirmam que, se alguém tem problemas com adultério, pornografia, divórcio, alcoolismo ou tendências suicidas é porque alguém de sua família, no passado, não importa se avós, bisavós ou tataravós, teve esse problema. Nesse caso, a pessoa afetada pela maldição hereditária deve, em primeiro lugar, descobrir em que geração seus ancestrais deram lugar ao diabo. Uma vez descoberta tal geração, pede-se perdão por ela, e, dessa forma, a maldição de família é desfeita. Uma espécie de perdão por procuração, muito parecido com o batismo pelos mortos, praticado pelos mórmons. Tal pensamento não se sustenta biblicamente; é um erro crasso. A maldição está sobre quem continuar no pecado dos pais, sobre "aqueles que me aborrecem", pontua com clareza o mandamento. Não é o que acontece com o cristão que ama a Deus. Se fomos alvejados pela graça de Deus ainda no tempo da nossa ignorância, quanto mais agora que somos reconciliados com ele? (Rm 5.8-10). Quando alguém se converte a Cristo, torna-se nova criatura: "as coisas velhas já passaram; eis que tudo se fez novo" (2 Co 5.17). Para finalizar, convém ressaltar que, no discurso de Moisés em Deuteronômio, na revelação do Sinai nenhuma imagem, figura, forma ou representação foi vista pelos israelitas; eles ouviram a voz da Javé vindo do meio do fogo, mas nenhuma representação de figura foi manifestada, unicamente a Palavra (Dt 4.16,23,25). Os ídolos de madeira e de pedra dos cananeus são divindades falsas cuja adoração é terminantemente proibida (Êx 34.13; Dt 12.3; 16.21-22); Javé, entretanto, é real, mesmo que invisível (Cl 1.15; 1 Tm 1.17). "Deus é espírito" (Jo 4.24). Cultuá-lo com a mediação de imagens é colocá-lo no mesmo nível das falsas divindades, uma afronta ao verdadeiro Deus”. Esequias Soares. Os Dez Mandamentos. Valores Divinos para uma Sociedade em Constante Mudança. Editora CPAD. pag. 46-48.] 3. As promessas. Salta à vista de qualquer leitor a diferença entre castigo e misericórdia. A ira divina vai até a quarta geração, no entanto, a misericórdia de Deus chega a mil gerações sobre os que guardam os mandamentos divinos (Êx 20.6; Dt 5.10). Muito cedo na história, o nosso Deus revela que seu amor ultrapassa infinitamente o juízo. [Comentário: Ezequiel 18.20 mostra o princípio da justiça. Os justos recebem misericórdia e bênção da parte de Deus. Mas a misericórdia estende-se a mil gerações, o que mostra que a misericórdia é um princípio muito mais poderoso do que o da aplicação da justiça. Seja como for, não há qualquer contradição, visto que a ira de Deus é uma medida de disciplina que promove a causa do amor. Julgamento Temporal. No Pentateuco não há qualquer ensino sobre um juízo divino pós-túmulo, um inferno para os ímpios e um céu para os piedosos. A noção da existência da alma não entrou claramente no pensamento dos hebreus senão já nos Salmos e nos Profetas. Assim sendo, a lei de Moisés nunca ameaça os homens com o julgamento da alma, e nem jamais promete a bem-aventurança celestial para os obedientes. A teologia dos hebreus mostrava-se deficiente quanto a esse particular, deficiência essa que foi corrigida pela doutrina cristã. Para os antigos hebreus, observar os mandamentos era uma medida doadora de vida (Ver Dt 5.33). Mas não é prometida qualquer vida além-túmulo. Contudo, mais tarde, o judaísmo acrescentou essa ideia. O cristianismo mostrou a falência total da lei como medida salvatícia (Ver Gl 3.21). É precisamente aí que temos a grande e fundamental diferença entre o judaísmo e o cristianismo. Qual era o intuito da lei, afinal? CHAMPLIN, Russell Norman, Antigo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 391] SÍNTESE DO TÓPICO II Deus é um Deus zeloso e não divide a sua glória com ninguém. CONHEÇA MAIS Abadia de Westminster Local onde foi instituída a Assembleia de Westminster, isto é, na cidade de Westminster, em Londres, na Inglaterra, em 1643. Em abril de 2011, o casal de príncipes britânicos casou nesta Abadia. Em 1648 foi sancionada a Confissão de Fé e aprovados os Catecismo Maior e o Breve Catecismo de orientação protestante. O Catecismo é um documento de orientação de fé de determinada tradição cristã. III. O CULTO VERDADEIRO 1. Adoração. O segundo mandamento proíbe fazer imagem de escultura e também de se prostrar diante dela para adorá-la: “não te encurvarás a elas, nem as servirás” (Êx 20.5; Dt 5.9). Adoração é serviço sagrado, culto ou reverência a Deus por suas obras. É somente a Deus que se deve adorar (Mt 4.10; Ap 19.10; 22.8,9). [Comentário: Adoração: Prestar culto a; Ter amor a. Estas imagens pagãs eram feitas na forma de coisas vistas no céu, na terra e nas águas. Estas imagens não deveriam se tornar objetos de adoração: Não te encurvarás a elas. Os versículos 4 e 5 devem ser considerados juntos. Não há condenação para a confecção de imagens, contanto que não se tornem objetos de veneração. No Tabernáculo 25.31-34) e no primeiro Templo (1 Rs 6.18,29) havia obras esculpidas. A idolatria consiste em transformar uma imagem em objeto de adoração e atribuir a ela poderes do deus que representa. Se considerarmos que gravuras ou imagens de pessoas possuam poderes divinos e que sejam adorados, então elas se tornam ídolos. 2. Deus é espírito. O Catecismo Maior de Westminster (1648) declara que “Deus é Espírito, em si e por si infinito em seu ser” (Jo 4.24; Êx 3.14; Jó 11.7-9). O espírito é substância imaterial e invisível, diferentemente da matéria. É também indestrutível, pois o “espírito não tem carne nem ossos” (Lc 24.39). Além de a Bíblia afirmar que Deus é espírito, declara também de maneira direta que Ele é invisível (Cl 1.15; 1Tm 1.17). Assim, a espiritualidade que tem Deus como alvo é incompatível com as imagens dos ídolos. [Comentário: Deus não pode ser adorado sob a forma de qualquer representação material, quer fosse produto da arte plástica, quer da pictórica. Tais coisas não apenas desviam a mente do conhecimento da espiritualidade pura de Deus, mas inevitavelmente são transformadas em objetos de veneração, e também provocam o aparecimento de muitas práticas sensuais. O mandamento do versículo 4 não proíbe qualquer escultura ou pintura. Matthew Henry escreve que “É certo que este mandamento proíbe a confecção de qualquer imagem de DEUS (pois a quem o faríamos semelhante?, Isaías 40.18,15), ou a imagem de qualquer criatura para uso religioso. Isto é mudar a verdade de DEUS em mentira (Rm 1.25), pois uma imagem é um professor de mentiras. A imagem insinua, para nós, que DEUS tem um corpo, ao passo que Ele é um espírito infinito, Habacuque 2.18. Ele também nos proíbe de criar imagens de DEUS, segundo nossas próprias fantasias, como se Ele fosse um homem como nós. A nossa adoração religiosa deve ser governada pelo poder da fé, não pelo poder da imaginação. Eles não devem confeccionar tais imagens ou pinturas como as que os pagãos adoravam, para que não sejam também tentados a adorá-las. Aqueles que desejam ser guardados do pecado devem evitar as oportunidades para ele.” HENRY. Matthew. Comentário Matthew Henry Antigo Testamento Gênesis a Deuteronômio. Editora CPAD. pag. 292-293. Russell Norman Champlin comentando João 4.24 escreve: “«...Deus é espírito...». Aqui temos um dos grandes pronunciamentos joaninos acerca da natureza de Deus e que nesta passagem deve ser aceito como algo substancial e descritivo. Deus não tem corpo; a sua substância não faz parte da natureza física. Não sabemos o que é um espírito, exceto como um conceito negativo, a saber, que espírito não é matéria, ou, pelo menos, que não pode ser definido por qualquer declaração que defina a matéria. Porém, nosso atual estado de conhecimento não nos autoriza a saber e dizer o que seja um espírito; e, para dizer a verdade, nem sabemos o que é a matéria. Falamos a respeito dos átomos, mas na realidade não sabemos o que são, nem qual seja a sua verdadeira e completa composição, e nem mesmo podemos asseverar que o átomo é a unidade básica de que se compõe a natureza”. CHAMPLIN, Russell Norman, O Novo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Candeias. Vol. 2. pag. 328.] 3. Deus é imanente e transcendente. A imanência é a forma de relacionamento de Deus com o mundo criado e principalmente com os seres humanos e sua história. O Salmo 139 é um exemplo clássico. A transcendência significa que Deus é um ser que não pertence à criação, não faz parte dela, transcende a toda matéria e a tudo o que foi criado (Jo 17.5,24; Cl 1.17; 1Tm 6.16). O exclusivismo da sua adoração é natural porque Deus é incomparável; ninguém há como Ele no universo (Rm 11.33-36). [Comentário: Imanência vem do latim, Immanere, «habitar». dois atributos incomunicáveis de Deus que são: Sua transcendência e sua imanência. Transcendência significa que Deus está acima da criação. Ele é supra-mundo e extra- mundo. Imanência nos faz lembrar que Deus se manifesta na criação. Deus está acima do mundo e independe dele. Fundamentado no conceito que Deus é transcendente, é importante observar que: a) Deus não deve ser confundido com o universo, como faz o Panteísmo e a Ciência Cristã. b) Não deve ser considerado como uma totalidade da qual o universo é uma parte, isto é, uma espécie de unidade de dupla face. c) Não se relaciona com o universo como a alma com o corpo. d) A causa e o seu efeito não podem ser uma e a mesma coisa; logo afirmamos a transcendência de Deus. Sujeito e objeto implicam uma distinção, logo, não podemos confundir Deus com o mundo que Ele fez e que é objeto de sua providência e cuidado. O homem é maior que a sua obra; assim também o é Deus. e) O amor de Deus para com os homens, o perdão de pecados que Ele concede e o senso de responsabilidade do homem, tudo isto se baseia na transcendência de Deus. Quando o homem deixa de crer na transcendência, a sua consciência do pecado e sua responsabilidade moral se esvaem, como acontecem no sistema panteísta e semipanteísta. Quando se perde a transcendência, em geral a personalidade de Deus vai com ela. Segue-se, então, a perda da fé, do culto e da oração, que são sempre expressões de um espírito pessoal em busca de um espírito pessoal e são impossíveis de outro modo. DEUS É IMANENTE OU INTRAMUNDO. Podemos então dizer que: a) Ele não só está acima do universo físico, não somente é independente dele, mas permeia todas as coisas. b) O homem atua sobre a matéria, externamente, de fora. Deus pode fazer e o fez internamente, de dentro. Todo o desenvolvimento que existe no universo ilustra a operação interna de Deus. c) O homem constrói uma casa ou um navio, trabalhando externamente. Deus faz uma árvore, operando internamente. d) Não devemos enfatizar a transcendência de Deus de forma a fazê-lo um Deus mecânico; nem tão pouco enfatizar sua mecânica de modo a fazê-lo desaparecer nas leis da natureza. e) Devemos distinguir entre Deus imanente no universo e Deus idêntico com o universo, pois isso seria panteísmo. f) W. Newton Clark, em sua obra Cristian Doctrine of God, diz o seguinte: "É claro, hoje em dia, que o universo opera ou é operado de dentro, As forças que se acham em atividade são forças residentes no universo, Este tem toda a aparência de um sistema auto-operante. Não somente a sua vastidão, mas também a sua autossuficiência interna nos proíbe de conhecê-lo como sendo controlado por fora". "Se Deus é a força operante do grande sistema, e se este é operado de dentro, então, certamente, ele se acha dentro com sua vontade e energia operantes". O professor Arthur C. MacGiffert dá uma definição de imanência que mal se pode distinguir do panteísmo. É preciso fazer uma distinção bem clara entre imanência e panteísmo. W. L. Falker, em sua obra: The Spirit and the incarnation e em Cristian Thesm, nega que mecânica de Deus seja pessoal e ensina que esta terminologia apenas expressa a manifestação de uma idéia ou princípio gradualmente realizado no mundo. Dificilmente, porém se pode compreender um Deus imanente que não seja pessoal. Não sendo Deus concebido como sendo idêntico com o mundo, podemos dizer que sua imanência é da substância o do ser pessoal na mais estrita acepção da palavra. g) A imanência de Deus, não pode ser usada para negar a realidade das causas secundárias, nem para fazer de Deus o agente de todo o mal no mundo. Assim como não fazemos Deus e o mundo idênticos, assim também não fazemos a vontade humana desaparecer na divina. h) A doutrina da imanência de Deus dá nova beleza ao mundo. Pb. Gilson dos Santos. http://oscincosolas.blogspot.com.br/2011/10/tema-transcendencia-e-imanencia-de-deus.html] SÍNTESE DO TÓPICO III Deus é Espírito e importa que o adoremos em espírito e em verdade. IV. AS IMAGENS E O CATOLICISMO ROMANO 1. O que dizem os teólogos católicos romanos? A edição brasileira do Catecismo da Igreja Católica, publicado em 1993, no período do pontificado do papa João Paulo II, afirma que o culto de imagens não contradiz o mandamento que proíbe os ídolos. Os teólogos católicos romanos ensinam que a confecção da arca da aliança com os querubins e a serpente de metal no deserto (Êx 25.10-22; 1Rs 6.23-28; 7.23-26; Nm 21.8) permitem o culto às imagens. [Comentário: No tabernáculo havia a representação de querubins. Mas a figura jamais foi adorada ou venerada pelos filhos de Israel. Se o tivesse sido, sem dúvida teria sido destruída (Ver Êx 25.18,19). YAHWEH, por sua vez, jamais foi representado entre os israelitas por meio de qualquer imagem de escultura. Tal representação teria sido um sacrilégio de primeira grandeza. E nem outros deuses foram jamais representados por meio de imagens pelos israelitas, a não ser pelos idólatras entre eles. Mas tais imagens detratavam do caráter úrico de YAHWEH. Alguns eruditos supõem que itens como os querubins (Êx 25.18,19), a arca (Nm 10.35,36), os terafins (Jz 18.14); a estola sacerdotal (Jz 8.26,27) e a serpente de metal (Nm 21.8,9) na verdade constituíam ídolos e imagens em Israel, pois Israel estava mais próxima dos pagãos que a maioria dos estudiosos gostam de admitir. Mas outros negam que os israelitas adorassem a esses objetos. Serviam apenas a propósitos ilustrativos no culto, não se tomando nunca objetos de adoração. O argumento do primeiro grupo de eruditos tem por objetivo dar apoio à ideia de que o segundo mandamento era de origem posterior, e que acabou acrescentado à lista dos mandamentos. Por outro lado, se os objetos acima mencionados não eram objetos de adoração, então tal argumento rui por terra. CHAMPLIN, Russell Norman, Antigo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 391.] 2. Uma interpretação forçada. O argumento da igreja católica é falacioso porque os antigos hebreus não cultuavam os querubins nem a arca, menos ainda a serpente de metal. O povo não dirigia orações a esses objetos. A arca e os querubins do propiciatório sequer eram vistos pelo povo, pois ficavam no lugar santíssimo (Êx 26.33; Lv 16.2; Hb 9.3-5). Quando o povo começou a cultuar a serpente que foi construída no deserto, o rei Ezequias mandou destruí-la (2Rs 18.4). As peças religiosas a que os teólogos católicos romanos se referem serviam como figuras da redenção em Cristo (Hb 9.5-9; Jo 3.14,15). [Comentário: O uso de querubins sobre a arca justifica a visão católica de que as imagens podem ser veneradas? A Má interpretação: De acordo com esse versículo, Moisés recebeu de Deus a seguinte ordem: “Farás dois querubins de ouro; de ouro batido os farás, nas duas extremidades do propiciatório”. E óbvio que se trata de uma imagem sagrada. Os estudiosos católicos argumentam que esse verso justifica a veneração deles por imagens sagradas. Corrigindo A Má Interpretação: Esse ver só não justifica a veneração por imagens sagradas. Por um detalhe, o contexto deixa claro que a imagem dos querubins não deve ser venerada ou adorada de maneira alguma. Na verdade, a posição dos querubins no lugar mais santo, onde apenas o sumo sacerdote poderia entrar, uma vez por ano no Dia da Expiação (Lv 16), tornou-os inacessíveis e, portanto, impossíveis de serem adorados ou venerados pelo povo. Note também que esses querubins não foram dados a Israel como imagens de Deus; eles são representações de anjos. Não foram dados com o propósito de adoração ou veneração; foram dados por motivos de decoração — como arte religiosa. Os católicos romanos estão lendo algo nesse versículo que na verdade não está lá. Norman L. Geisler; Ron Rohdes. Resposta as Seitas. Edtora CPAD. pag. 57-58. Russell Norman Champlin comentando acerca da reforma religiosa feita por Ezequias (I Reis 18.4), diz: “Nenhum ídolo escapou à ira destruidora de Ezequias. Os lugares altos foram destruídos e queimados, e os ídolos foram destruídos. Além disso, havia um ídolo especial, a serpente de metal, que Moisés havia feito, por ordem do Senhor, para cura do povo (ver Números 21.5-9), e que foi quebrado e anulado. O povo vinha usando aquele objeto em sua idolatria, chegando a queimar incenso defronte dele. Neustã. Esse vocábulo, no hebraico, é parecido (quanto ao som) com as palavras hebraicas que significam “bronze" e “imundo". O rei estava ansioso por remover todos os vestígios da idolatria, e qualquer coisa que pudesse provocar práticas idólatras, pelo que despedaçou a serpente de metal. As tradições judaicas dizem que Ezequias despedaçou a serpente de metal, moeu-a até virar pó e então espalhou as partículas ao vento (Talmude Bab. Avodah, Zarah, foi 44.1)”. CHAMPLIN, Russell Norman, Antigo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 1538.] 3. O uso de figuras como símbolo de adoração. A adoração ao Deus verdadeiro por meio de figura, símbolo ou imagem é idolatria. Isso os israelitas fizeram no deserto (Êx 32.4-6). Mica e Jeroboão I, filho de Nebate, procederam da mesma maneira (Jz 17.2-5; 18.31; 1Rs 12.28-33). Os ídolos que a Bíblia condena não se restringem a animais, corpos celestes ou forças da natureza, pois inclui também figuras humanas (Sl 115.4-8). [Comentário: A Nulidade da Idolatria (Sl 115.4-8): Essas palavras penetrantes que se referem à idolatria de foram satírica são repetidas em Salmos 135.15-18. Os ídolos deles são prata e ouro (4). Barnes observa: “A zombaria pretendida com essas palavras é apresentada nos termos que vêm a seguir: obra das mãos de homens. Um ídolo de pedra pode ser meteórico e não formado por mãos humanas; pode ser considerado como caído do céu (At 19.35); um ídolo de madeira pode ser um poste não muito bem esculpido, que pessimamente pode ser distinguido do objeto natural, mas quando eram usados prata e ouro, a mão do artífice se tornava visível na figura do deus representado (Jr 10,8,9)”.24 Quando moldados na forma de um homem ou animal, os ídolos têm boca, olhos, ouvidos, nariz, mãos, pés, garganta — e, no entanto, são mudos, cegos, surdos, incapazes de cheirar e de apalpar, imóveis, sem pronunciar nenhum tipo de som (5-7). Alguns comentaristas acreditam que houve uma interpolação da primeira ou da última caracterização, visto que ambas descrevem o aspecto da fala. Mas essa repetição é mais bem-vista como parte da ênfase do poeta: do começo ao fim, esses são ídolos mudos que não têm palavra alguma para anunciar aos homens. O contraste com o Deus vivo e que fala é absoluto. Tornem-se semelhantes a eles os que os fazem (8). A coisa impressionante é que aqueles que os fazem e aqueles que adoram esse tipo de deuses se tornam como os próprios ídolos. Os pagãos fazem seus deuses à sua própria imagem, e então se tornam como eles! Esse é o efeito sobre nós em relação a quem adoramos. Nossos ídolos hoje podem ser dinheiro, poder, prazer ou qualquer outra coisa para a qual inclinamos o nosso coração. Mas se adoramos qualquer outra coisa que não seja Deus, tornamo-nos interesseiros e duros ou levianos e superficiais. W. T. Purkiser, M. A,. Comentário Bíblico Beacon Salmos. Editora CPAD. Vol. 3. pag. 288.] 4. Mariolatria. É o culto de Maria, mãe de Jesus. Seus adeptos dirigem oração a ela, prostram-se diante de sua imagem e acreditam que sua escultura é milagrosa. Isso é idolatria! Os devotos, propagandeados pela mídia, atribuem a Maria uma posição que a Bíblia não lhe confere. Nós reconhecemos o papel honroso da mãe de nosso Senhor Jesus Cristo, mas ela mesma jamais aceitaria ser cultuada (Lc 1.46,47; 11.27, 28; 1Tm 2.5). [Comentário: Mariolatria: Culto à Virgem Maria, levado ao exagero. Alfonso Liguori escreve no livro "As Glórias de Maria": “Nossa salvação será mais rápida, se chamarmos por Maria, do que se chamarmos por Jesus . . . A Santa Igreja ordena um culto peculiar à Maria”. A ICR exalta Maria como tendo sido a mãe ideal e perfeita em toda a sua vida. Contudo, a Bíblia mostra que, em certa ocasião ela tentou atrapalhar o ministério de Jesus. Maria e os irmãos de Jesus tentaram fazê-Lo parar o Seu ministério. Esta passagem pode ser encontrada em Marcos 3:20-35 e vejam o que diz o verso 21: “E, quando os seus ouviram isto, saíram para o prender; porque diziam: Está fora de si”. Maria foi agraciada mais do que todas as outras mulheres, porque lhe foi concedido ser a mãe de Jesus. Mas as Escrituras não ensinam em lugar algum que devemos dirigir-lhe orações, nem adorá-la, nem atribuir-lhe títulos especiais. Maria é digna do nosso respeito, mas somente o Filho é digno da nossa adoração. (1) Maria foi escolhida por Deus porque ela achou graça diante dEle (cf. Gn 6.8). Sua vida santa e humilde agradou tanto a Deus, que Ele a escolheu para tão sublime missão (2 Tm 2.21). (2) A bênção de Maria, por ter sido escolhida, trouxe-lhe grande alegria, mas também muita dor e sofrimento (ver 2.35), uma vez que seu Filho seria rejeitado e crucificado. Nesta vida, a chamada de Deus sempre envolve bênção e sofrimento, alegria e tristeza, sucesso e desilusão. O clero romano nega terminantemente que os católicos adoram a Maria, o que é oficialmente confirmado pelo Vaticano. Dizem que Veneram-na: Conferindo com o marianismo dos católicos romanos, prova de maneira irrefutável que se trata de adoração. Se ajoelham diante de sua imagem, beijam a imagem, carregam em procissões sua imagem, ficaram cheios de fúria quando chutaram sua imagem, etc.... O sentido não tem como fugir da verdade. A ICR jamais admitirá que prega a divindade de Maria, da mesma forma que nega a adoração a ela. Maria é chamada , na reza Salve-rainha de “Rainha do Céu”, o mesmo nome de uma divindade pagã da Assíria (Jr 7.18; 44.17-25). Mãe de Deus? A palavra grega usada para “mãe de Deus” originalmente significa “portadora de Deus”. É impossível que Deus tenha mãe porque: A Bíblia diz que Deus é eterno (Sl 90.2, Is 40.28). Não tem começo, nem meio e nem fim de dias. Ele existe por si mesmo (Êx 3.14). A Bíblia esclarece que Maria é mãe do Jesus homem e nunca mãe de Deus (At 1.14). O teólogo católico romano Ludwig Ott, defendendo a doutrina espúria da veneração a Maria, mãe de Jesus, em sua obra Fundamentals of Catholic Dogma (Fundamentos do Dogma Católico), afirma: ‘À Maria, a mãe de Deus, confere-se o direito de receber o culto de hiperdulia’. Em outras palavras, segundo o catolicismo romano, ‘Maria deve ser venerada e honrada em um nível muito mais alto do que o de outras criaturas, sejam anjos ou santos. Contudo, essa veneração a Maria é substancialmente menor do que a cultus latriae (adoração) que é devida somente a Deus, no entanto, maior do que a cultus diliae (veneração) devida a anjos e aos outros santos’. Essa doutrina católica romana é uma das mais frágeis em argumentação, uma vez que cria uma confusão terminológica em torno dos termos adoração e veneração, além de defender pontos sem respaldo bíblico. Veneração significa ‘render culto’, ‘adoração’, sendo condenada pela Bíblia, seja em relação a anjos ou a santos (Ap 22.9), exceto a Deus. Além disso, em nenhum momento a Bíblia fala que Maria é superior a qualquer outra criatura e que deva receber orações ou mesmo veneração. Outra amostra do subterfúgio sem nexo do catolicismo romano está no fato de que a adoração a Maria (que por si só já é absurda) não está acima da adoração a Deus. Todavia, em suas orações, como na Novena de orações em honra a Nossa Mãe do Perpétuo Auxílio, declara-se, sem censura, que Maria é superior a Jesus: ‘Porque se me protegeres, querida Mãe, nada temerei daquilo que me possa sobrevir: nem mesmo dos meus pecados, pois obterás para mim o perdão dos mesmos [a Bíblia diz que só há perdão através de Jesus – At 4.12; 1 Tm 2.5; 1 Jo 1.7]; nem mesmo da parte dos demônios, porque és mais poderosa do que o inferno junto [a Bíblia diz que somente Jesus despojou os principados e potestades e só podemos expulsar demônios por Jesus – Cl 2.15; Mc 16.17]; nem mesmo de Jesus, o meu juiz, pois através de uma oração tua Ele será apaziguado [Maria seria a advogada e Jesus, o juiz, mas a Bíblia diz que hoje Jesus é o nosso advogado – 1 Jo 2.1].” MARIOLATRIA. Revista Resposta Fiel, Rio de Janeiro, Ano 4, nº 12, p. 6, jun.-ago.2004.] SÍNTESE DO TÓPICO IV Não há base bíblica para praticar o que a teologia romana ensina à igreja. CONCLUSÃO Devemos ter discernimento para distinguir ídolos de objetos meramente decorativos. Tudo aquilo que a pessoa ama mais do que a Deus torna-se idolatria (Ef 5.5; Cl 3.5). A Bíblia não proíbe as artes, nem a escultura em si mesma e nem a pintura. Deus mesmo inspirou artistas entre os israelitas no deserto (Êx 35.30-35). O rei Salomão mandou esculpir querubins na parede e touros e leões para decorar o templo (1Rs 6.29; 7.29) e o palácio real (1Rs 10.19,20), mas nunca com objetivo de que tais objetos fossem adorados. [Comentário: “Porque há um só Deus e um só mediador entre Deus e os homens, Jesus Cristo, homem” (1 Tm 2.5). Um só mediador... Jesus Cristo. É somente através de Jesus Cristo que podemos aproximar-nos de Deus (Hb 7.25), confiando na sua morte expiatória para nos remir dos nossos pecados, e orando com fé, pedindo forças e misericórdia divinas para nos ajudar em todas as nossas necessidades (Hb 4.14-16). Não devemos permitir que criatura alguma usurpe o lugar de Cristo em nossa vida, dirigindo-se-lhe orações (ver Hb 8.6; 9.15; 12.24). As tentativas inglórias de fundamentar o marianismo na Bíblia fracassaram. As expressões: “O Senhor é contigo”; “bendita és tu entre as mulheres” (v.28) e “bendito o fruto do teu ventre” (v. 42), não são a mesma coisa que: “bendita és tu acima das mulheres”. Devemos esclarecer esses pontos aos seguidores da ICR, com respeito e amor, mas discordando de suas crenças, com base na Palavra de Deus. Muitos são sinceros e pensam estar fazendo a vontade de Deus.]. “NaquEle que me garante: "Pela graça sois salvos, por meio da fé, e isto não vem de vós, é dom de Deus" (Ef 2.8)”, Francisco Barbosa Campina Grande-PB Janeiro de 2015 SUGESTÃO DE LEITURA http://www.apazdosenhor.org.br/profhenrique/licao8-ldc-coisassacrificadasaosidolos.htm PARA REFLETIR A respeito da Idolatria: É correto afirmar que a idolatria se caracteriza apenas por imagens de esculturas? Não. A idolatria se caracteriza por tudo aquilo que toma o lugar de Deus no coração da pessoa. Com a máxima semítica “terceira e quarta geração”, o autor bíblico quer se referir ao número exato de vezes que Deus castigará a geração? Não. O objetivo é contrastar o castigo para “terceira e quarta geração” com o propósito de Deus de abençoar a milhares de gerações. Por que não podemos ter uma atitude de adoração ou devoção a Maria? Em primeiro lugar, Maria, apesar de ser a mãe de Jesus, era uma mulher igual às outras, mas achada graciosa pelo Senhor. E ela jamais aceitaria ser cultuada, pois a glória deve ser dada somente a Deus. Ter objetos decorativos em casa é idolatria? Não. Não há nada na Bíblia que condene ter objetos decorativos em casa. A Bíblia proíbe as artes? Não. Temos de ter discernimento para não proibirmos o que a Bíblia não proíbe. Temos de distinguir os ídolos dos objetos meramente decorativos e das artes e esculturas artísticas. Deus mesmo inspirou artistas entre os israelitas no deserto (Êx 35.30-35). NOTAS BIBLIOGRÁFICAS Revista Lições Bíblicas Mestre - 1º Trim./2015 - CPAD Tema: "Os Dez Mandamentos" - Os Valores Divinos para uma Sociedade e Constante Mudança Comentário: Pr. Esequias Soares Consultores Doutrinários e Teológicos: Pr. Antonio Gilberto e Pr. Claudionor de Andrade Autorizo a todos que quiserem fazer uso dos subsídios colocados neste Blog. Solicito, tão somente, que indiquem a fonte e não modifiquem o seu conteúdo. Agradeceria, igualmente, a gentileza de um e-mail indicando qual o texto.

quinta-feira, 22 de janeiro de 2015

O MINISTÉRIO DE MESTRE NA BÍBLIA - REVISTA OBREIRO (CPAD)
Leia na Revista Obreiro (CPAD) artigo de nossa autoria intitulado "O Ministério de Mestre na Bíblia". Trata-se de um texto expositivo e orientador para a vida daqueles que se percebem vocacionados para tão nobre ministério. REVISTA OBREIRO

sábado, 10 de janeiro de 2015

1º Trimestre de 2015 - (11 de janeiro de 2015) LIÇÃO 2: O PADRÃO MORAL DA LEI
TEXTO ÁUREO "Então, vos anunciou ele o seu concerto, que vos prescreveu, os dez mandamentos, e os escreveu em duas tábuas de pedra." (Dt 4.13) VERDADE PRÁTICA As chamadas "lei moral", "lei cerimonial" e "lei civil" são, na verdade, três partes de uma mesma lei que o Senhor Jesus já cumpriu na sua totalidade. LEITURA DIÁRIA Segunda - Êx 34.28 Os Dez Mandamentos são chamados de "tábuas do concerto" S Terça - Ne 8.1,2,8,18 A lei de Moisés e a lei do Senhor não são duas leis distintas T Quarta - Lc 2.22,23 Deus já havia feito um concerto com Abraão Não há diferença entre a lei de Moisés e a lei do Senhor Q Quinta - Mc 12.28-32 Os dois maiores mandamentos não fazem parte da alegada lei moral Q Sexta - Mt 5.17,18 O Senhor Jesus cumpriu toda a lei e a sua Palavra permanece para sempre S Sábado - Jo 1.17 A lei e a graça são os dois lados opostos de uma mesma moeda S LEITURA BÍBLICA EM CLASSE Deuteronômio 9.9-11; 10.1-5 Dt 9.9-11: 9 Subindo eu ao monte a receber as tábuas de pedra, as tábuas da aliança que o SENHOR fizera convosco, fiquei no monte quarenta dias e quarenta noites; não comi pão, nem bebi água. 10 Deu-me o SENHOR as duas tábuas de pedra, escritas com o dedo de Deus; e, nelas, estavam todas as palavras segundo o SENHOR havia falado convosco no monte, do meio do fogo, estando reunido todo o povo. 11 Ao fim dos quarenta dias e quarenta noites, o SENHOR me deu as duas tábuas de pedra, as tábuas da aliança. Dt 10.1-5: 1 Naquele tempo, me disse o SENHOR: Lavra duas tábuas de pedra, como as primeiras, e sobe a mim ao monte, e faze uma arca de madeira. 2 Escreverei nas duas tábuas as palavras que estavam nas primeiras que quebraste, e as porás na arca. 3 Assim, fiz uma arca de madeira de acácia, lavrei duas tábuas de pedra, como as primeiras, e subi ao monte com as duas tábuas na mão. 4 Então, escreveu o SENHOR nas tábuas, segundo a primeira escritura, os dez mandamentos que ele vos falara no dia da congregação, no monte, no meio do fogo; e o SENHOR mas deu a mim. 5 Virei-me, e desci do monte, e pus as tábuas na arca que eu fizera; e ali estão, como o SENHOR me ordenou. OBJETIVO GERAL Apresentar a transitoriedade da Lei para a dispensação da Graça. OBJETIVOS ESPECÍFICOS Após esta aula, o aluno deverá estar apto a: Abaixo, os objetivos específicos referem-se aos que o professor deve atingir em cada tópico. Por exemplo, o objetivo I refere-se ao tópico I com os seus respectivos subtópicos. I. Mostrar o formato da Lei no Pentateuco. II. Explicar a "morfologia" dos Dez Mandamentos. III. Especificar a unicidade da Lei de Deus. IV. Comparar a Lei com a Graça. Preciso de sua ajuda para continuar escrevendo os subsídios. Se você tem sido ajudado semanalmente com estes comentários, e deseja que eles permaneçam sendo disponibilizados, clique aqui e saiba como ajudar: Mantenha este Blog! COMENTÁRIO INTRODUÇÃO Desde o princípio do mundo todos sabem que é imoral matar, adulterar, furtar, dizer falso testemunho, desonrar pai e mãe, pois Deus colocou a sua lei no coração e na mente de todos os seres humanos desde o início (Rm 1.19,20). Eram princípios éticos, e não um código de lei. As dez proposições agora foram colocadas em forma de lei, como código, e entregues a Israel por intermédio de Moisés [Comentário: Deus escolheu duas formas para Se revelar ao homem: a revelação geral e a revelação especial. As verdades gerais que podemos aprender sobre Deus através da natureza, pela observação dela e pela razão, é o que chamamos de revelação geral. A revelação especial se refere às verdades mais específicas que podemos aprender sobre Deus através de sua Palavra revelada. Salmos 19.1-4 declara: “Os céus proclamam a glória de Deus, e o firmamento anuncia as obras das suas mãos. Um dia discursa a outro dia, e uma noite revela conhecimento a outra noite. Não há linguagem, nem há palavras, e deles não se ouve nenhum som; no entanto, por toda a terra se faz ouvir a sua voz, e as suas palavras, até aos confins do mundo.” De acordo com essa passagem, a existência e o poder de Deus podem ser vistos claramente através da observação do universo. A ordem, detalhes e maravilha da criação falam da existência de um Criador poderoso e glorioso. Em Romanos 1.20, Paulo escreve: “Porque os atributos invisíveis de Deus, assim o seu eterno poder, como também a sua própria divindade, claramente se reconhecem, desde o princípio do mundo, sendo percebidos por meio das coisas que foram criadas. Tais homens são, por isso, indesculpáveis”. Paulo apresenta assim, que o poder eterno e a natureza divina de Deus “claramente se conhecem” e são “percebidos” pelo que foi criado, e não há nenhuma desculpa para negar esses fatos. Com essas Escrituras em mente, talvez uma definição de revelação geral seria: “A revelação de Deus a todas as pessoas, em todos os momentos e em todos os lugares que prova que Deus existe e que Ele é inteligente, poderoso e transcendente.” “...ele não se deixou a si mesmo sem testemunha” (Atos 14.17); “...porquanto o que de Deus se pode conhecer...” (w. 19,20). Observe o seguinte: 1. Que descobertas eles fizeram: “...porquanto o que de Deus se pode conhecer neles se manifesta”, en autois - entre eles; isto é, havia alguns entre eles que tinham o conhecimento de Deus, estavam convencidos da existência de um ser supremo. As filosofias de Pitágoras, Platão e dos estóicos descobriram muito do conhecimento de Deus, como se vê pela grande quantidade de testemunhos. O que se pode conhecer, o que implica que há muito que não pode ser conhecido. O ser de Deus pode ser apreendido, mas não pode ser compreendido. Não podemos descobri-lo pela busca puramente humana (Jó 11.7-9). O entendimento finito não pode conhecer perfeitamente um ser infinito; mas, bendito seja Deus há aquilo que pode ser conhecido, o bastante para nos conduzir ao nosso fim principal, glorificá-lo e desfrutar dele; e essas coisas reveladas pertencem a nós e aos nossos filhos, enquanto coisas secretas não devem ser inquiridas (Dt 29.29).] Convido você para mergulharmos mais fundo nas Escrituras! I. AS TÁBUAS DA LEI 1. Formato. Era um jogo de duas tábuas com quatro faces. Não é possível saber qual era seu tamanho. A arca do concerto media um metro e dez centímetros de comprimento por 66 cm de largura e 66 cm de altura (Êx 25.10, NTLH). Cada uma dessas tábuas não devia passar de 75 cm x 55 cm x 55 cm, considerando que elas foram colocadas na arca juntamente com a vara de Arão, que floresceu, e um vaso com o maná (Hb 9.4). Contém 172 palavras. Um homem podia transportá-las tranquilamente. [Comentário: Conforme os textos de Êx 20;31.18; 34; Lv 7.36, Moisés recebeu as tábuas da lei duas vezes, inclusive os dez mandamentos e outras revelações que instruíam sobre o culto a YHWH. Assim foi estabelecido o Pacto Mosaico, o maior evento na história de Israel e no qual se baseou toda a história subsequente. O trecho de Êx 24.12 contém essa expressão, referindo-se às tábuas onde os dez mandamentos haviam sido inscritos. A tradição informa-nos que Moisés recebeu a lei da parte de Deus, cujos mandamentos foram escritos na pedra com o próprio dedo de Deus (Êx 31.18; 32.15,16). Estes tabletes foram postos dentro da arca da aliança. Algumas tradições rabínicas afirmam que cinco dos mandamentos foram gravados em uma das tábuas, e cinco em outra; mas há aqueles que pensam que todos os mandamentos foram registrados em cada tábua. A primeira das opiniões tornou-se mais aceitável, sendo seguida nas sinagogas, na apresentação das tábuas da lei. O site Chabad.org traz o seguinte: “Sobre as Tábuas, D'us, Ele próprio, esculpiu nas primeiras duas pedras os Dez Mandamentos (as pedras vieram de cima). Inclusive outro milagre incrível ocorreu: era possível ler as palavras por igual em ambos lados (não em sentido contrário, que seria o normal). Além disto, como eram vazadas (atravessavam a pedra) sinais que eram colocados dentro e pertenciam às próprias letras, flutuavam desafiando a lei da gravidade. As primeiras pedras foram quebradas por Moshê ao descer do Monte Sinai e avistar o povo cultuando o bezerro de ouro que haviam construído na sua ausência. Moshê retornou e subiu novamente ao Monte Sinai levando desta vez pedras terrestres. Lá permaneceu por mais 40 dias e noites e retornou com novas tábuas, desta vez esculpidas por ele com orientação Divina e sem todos os milagres da primeira” http://www.chabad.org.br/interativo/faq/astabuas.html.] 2. A divisão das tábuas. Em nenhum lugar a Bíblia diz quantos e quais eram os mandamentos em cada uma dessas tábuas. Escritores antigos, judeus e cristãos, como o pensador judeu Fílon de Alexandria (30 a.C. - 50 d.C.), o historiador judeu Flávio Josefo (37 - 100) e um dos pais da igreja, Irineu de Lião (125-202), dentre outros, diziam haver cinco mandamentos em cada tábua. Segundo Calvino, eram quatro e seis, e não cinco e cinco. Esta nova interpretação tem encontrado eco nos tempos modernos. [Comentário: Encontramos no Dicionário Bíblico Wycliffe (CPAD) o seguinte: “Os judeus, os católicos e os luteranos combinam as proibições contra o politeísmo e a idolatria em uma só. Os judeus estabeleceram a afirmação introdutória (Êx 20.2) como o primeiro mandamento, enquanto os católicos e os luteranos dividem o mandamento contra a cobiça. As igrejas Ortodoxa e Reformada consideram Êxodo 20.2 como introdutório, a proibição contra o politeísmo como o primeiro mandamento, e a proibição da idolatria como o segundo mandamento. A segunda opinião é superior porque ela faz uma distinção entre politeísmo e idolatria. Essa visão evita artificialmente que se divida o décimo mandamento, e que se faça um mandamento de Êxodo 20.2, que não é nem um mandamento nem uma proibição”.PFEIFFER .Charles F. Dicionário Bíblico Wycliffe. Editora CPAD. pag. 548. O Pr Esequias Soares, comentarista da revista, escreve: “Os judeus, desde Fílon de Alexandria até a atualidade, dividem os Dez Mandamentos em dois grupos de cinco, um grupo para cada tábua. Agostinho de Hipona supunha haver três mandamentos na primeira tábua e sete na segunda. Calvino e muitos da atualidade acreditam que na primeira tábua estavam gravados os quatro mandamentos relativos aos deveres do homem com Deus e, na segunda, os seis mandamentos relativos ao homem e seu próximo. Alguns interpretam que o Senhor Jesus Cristo sintetizou as tuas tábuas nos dois grandes mandamentos (Mt 22.34-40), com a ressalva do sábado, pois não há ensino no Novo Testamento para a observância do quarto mandamento. Essa questão é discutida mais adiante, no Capítulo 5”.Esequias Soares. Os Dez Mandamentos. Valores Divinos para uma Sociedade em Constante Mudança. Editora CPAD. pag. 19.] 3. A rebelião. Ao fim de quarenta dias, Moisés desce do monte com as tábuas da lei (Dt 9.11). Nessa ocasião Israel havia se corrompido com o bezerro de ouro* (Êx 32.7-9). Ainda muito cedo na história, vemos como a natureza humana é inclinada ao pecado. Onde está o compromisso do povo quando declarou na cerimônia do concerto: "Tudo o que o SENHOR tem falado faremos e obedeceremos" (Êx 24.7)? [Comentário: As tábuas de pedra ou tábuas da aliança eram os “documentos” nos quais a aliança fora registrada. Este era o costume tradicional dos tratados de suserania do Oriente Próximo, o serem registrados em tábuas. Talvez o mesmo termo seja o pretendido aqui, e daí a tradução “tábuas de pedra” (5:22;Êx 31:18; cf. Êx 32:15s.; 34:1). Vários elementos desta narrativa soam de maneira estranha a ouvidos ocidentais: abstinência de água e comida por quarenta dias, a apresentação das placas de pedra a Moisés por Deus e a inscrição dos mandamentos nas placas pelo dedo de Deus. Tal linguagem é comum no Velho Testamento e comum no Oriente. É caso para debate aberto, por exemplo, se o número quarenta poderia talvez denotar algo como “por tempo considerável”, ou até mesmo “um período solene de espera e preparação” (cf. Gn 7:4; 1 Rs 19: 8; Jn 3: 4; Mt 4: 2; At 1: 3). A expressão ocorre em literatura extra-bíblica na Esteia de Moabe, linha 8. Mais uma vez, é comum no Velho Testamento atribuir eventos à atividade de Deus quando, na verdade, tais eventos tenham sido realizados por Seus agentes, embora Ele tenha recebido o crédito. Assim, a conquista de Canaã foi obra Sua, embora tenha sido empreendida por Israel. Neste capítulo, Javé aparece como aquele que expulsa os povos de Canaã (4). Nossas mentes ocidentais procuram depressa demais imprimir explicações literalistas e materialistas a tais expressões. Será que esta passagem não poderia simplesmente indicar que, durante um período de preocupação solene com uma santa missão, sob a direção de Deus, o próprio Moisés selecionara as placas e nelas escrevera? No entanto, ele podia perfeitamente dizer que Deus lhe dera as placas e que as palavras que nelas inscrevera eram a própria escrita de Deus. Não são desconhecidas em nosso linguajar moderno expressões como “o Senhor me abriu uma porta”, ou “O Senhor conseguiu um visto para mim”, etc. Tais antropomorfismos são necessários em vista de nossas limitações humanas, se desejarmos apreender, mesmo de maneira limitada, os mistérios da pessoa e da atuação de Deus. (Veja o comentário sobre 5:22). A. Thompson. Deuteronômio Introdução e Comentário. Editora Vida Nova.] 4. Deus renova o concerto. A revelação do Sinai prosseguiu após ser interrompida por causa da rebelião do bezerro de ouro. Nessa ocasião, as tábuas do concerto foram quebradas (Êx 32.15-19). Mas Deus perdoou o povo, e o concerto foi renovado (Êx 34.10,27). Deus mandou Moisés lavrar novas tábuas, nas quais escreveu novamente as mesmas palavras (Êx 34.1; Dt 10.1). Parece que isso foi resultado da intercessão de Moisés pelo povo (Êx 32.31-33). [Comentário: O Comentário Bíblico Beacon (CPAD), comenta acerca da renovação do concerto: “A Renovação do Concerto (34.10-28) a) A promessa de Deus (34.10,11). Deus renova com Moisés formalmente o concerto quebrado. Prometeu conduzir Israel fazendo maravilhas (10), que seriam maiores aos olhos do povo que qualquer coisa jamais feita. Ele as chamou coisa terrível é o que faço contigo. “O que estou a ponto de fazer com vocês inspira terror” (VBB). O Senhor expulsaria os inimigos da terra da promessa (11). As maravilhas se cumpriram mais tarde em ocorrências como a queda dos muros de Jericó (Js 6.20) e a matança dos inimigos com chuva de pedra (Js 10.11). Ainda que Moisés não tenha vivido para ver estas vitórias, a promessa de DEUS cumpriu-se para seu povo. b) O aviso contra a idolatria (34.12-16). O mal de formar alianças com os povos da Terra Prometida era uma possibilidade real. Os israelitas tinham de se guardar (12) e não fazer concerto com os moradores, porque este procedimento seria um laço para eles. Para se proteger, Israel tinha de derrubar os altares, quebrar as estátuas e cortar os bosques (13). Não deviam permitir que continuassem existindo. As estátuas (“colunas”, ARA) e os bosques (“postes-ídolos”, ARA) eram objetos de culto erigidos para a adoração de deuses e deusas da mitologia Cananéia. Estavam ligados com o culto a Baal, e foram “introduzidos em Israel pela fenícia Jezabel (1 Rs 18.19)”. “Ritos grotescamente imorais eram praticados com relação às colunas e bosques, e estas foram fonte contínua de tentação para os israelitas até o exílio.” Acerca da declaração de que Deus é zeloso (14), ver nota em 20.5. Todo concerto com os moradores da terra (15) levaria Israel a se unir com eles em festas a ídolos e casamentos entre si, resultando em apostasia e idolatria (16). Casar-se com alguém ligado a uma falsa religião é o caminho mais rápido para a desobediência. Os filhos se prostituem segundo os deuses das esposas. A idolatria, quer pagã ou da atualidade, é forma de adultério espiritual. A pessoa é infiel ao compromisso com Deus, quando o coração busca seguir os deuses deste mundo. Em nossa sociedade, é quase impossível salvar nossos filhos da exposição a essas tentações. Colocadas juntas em escolas públicas e atividades comunitárias, as crianças cristãs são sujeitas diariamente a estas seduções. Nossa única esperança é a instilação de coragem e fé que resistirão ao engodo de “ídolos” mundanos e casamentos com não-crentes. Quando ocorrem alianças erradas e outros erros em nossa família, há o recurso à graça redentora de Deus e ao poder da oração intercessora pelo Espírito Santo. c) Várias proibições (34.17-26). Muitas destas proibições são repetições de ordens anteriores. O recente pecado de Israel tornou imperativa a repetição do mandamento de não fazer deuses de fundição (17). As instruções encontradas nos versículos 18 a 20 são analisadas em 12.14-20; 13.3-13; e 23.15. O mandamento sobre o sábado (21; ver comentários em 23.12) acrescenta a necessidade de observar o dia santo na aradura e na sega. Os israelitas deviam resistir à tentação de, no dia de Deus, arar quando ameaçava chover ou de colher quando a colheita estava madura. Era fácil então, como é hoje, justificar o trabalho quando havia obrigações a cumprir. d) A finalização do concerto (34.27,28). Deus disse a Moisés: Escreve estas palavras (27) — as palavras que Deus acabara de lhe dizer (10-26). Conforme o teor destas palavras significa “com base nestas palavras” (Smith-Goodspeed; cf. NTLH). Estes acordos renovaram o concerto do Senhor com o povo. Clarke supunha que o procedimento incluía uma cópia das tábuas de pedra para Israel, visto que as originais seriam colocadas na arca.71 Em todo caso, foi Deus que escreveu os dez mandamentos nas duas tábuas (28; o pronome oculto ele [escreveu] deve ser entendido como referência a Deus; ver v. 1), e Moisés escreveu o restante do concerto. O servo do Senhor ficou no monte quarenta dias e quarenta noites, como da primeira vez, e jejuou em ambas as ocasiões (cf. 24.18; Dt 9.9).” Leo G. Cox. Comentário Bíblico Beacon. Êxodo. Editora CPAD. pag. 233-235..] PONTO CENTRAL Toda a Lei - os preceitos morais, cerimoniais e civis - foi cumprida pelo Senhor Jesus Cristo CONHEÇA MAIS *Bezerro de Ouro: A estátua de bronze A imagem da estátua ao lado é feita de bronze e trata-se do touro sagrado de Ápis, em Mênfis. R.K. Harrison afirma que a "adoração a estes animais era associada à fertilidade, e foi proeminente nos rituais sectários dos hebreus no período que precedeu o exílio". Para saber mais, leia Tempos do Antigo Testamento, CPAD, pp.129-153. SÍNTESE DO TÓPICO I Os Dez Mandamentos têm caráter categórico e absoluto. Eles não contemplam o relativismo moral. II. OS DEZ MANDAMENTO 1. Origem do termo. A expressão "dez mandamentos", em hebraico asseret hadevarim, significa literalmente "as dez palavras" e só aparece três vezes na Bíblia (Êx 34.28; Dt 4.13; 10.4). A Septuaginta traduziu por dekalogos, "decálogo", a partir de dois termos gregos: deka, "dez", e logos, "palavra". O sentido de "palavra" nesses idiomas é amplo e indica "discurso, pronunciamento, proposição". O termo hebraico específico para "mandamento" é mitsvah, usado também em referência aos Dez Mandamentos (Êx 24.12). A Septuaginta utiliza o termo entolé, a mesma palavra usada no Novo Testamento (Mt 19.17-19). [Comentário: O termo é usado em Êxodo 34.28; Deuteronômio 4.13; 10.4, e os mandamentos estão registrados em Êxodo 20.1 -17; Deuteronômio 5.6-21. O título alternativo “decálogo” angliciza o termo da LXX, que é uma tradução literal do hebraico. Russell Norman Champlin informa o seguinte: “Palavras Envolvidas e Designações. A importância da lei, dentro do judaísmo, pode ser demonstrada pelo fato de que há cerca de novecentas referências aos mandamentos, no Antigo Testamento, mediante o uso de uma dezena de palavras diferentes. O Decálogo. O termo decálogo, que significa dez palavras, foi usada pelos pais gregos da Igreja para se referirem aos dez mandamentos do Antigo Testamento. No hebraico, esses mandamentos são chamados haddebarim asereth, «dez palavras». Ver Êxo. 34:28; Deu. 4:13 e 10:4. Outras expressões também usadas para indicar a lei são: «as duas tábuas do testemunho» (Êxo. 34:29); a «sua aliança» (Deu. 4:13), «as tábuas da aliança» (Deu. 9:9). No Novo Testamento, encontramos, principalmente, o termo grego entola~i, «mandamentos» (Mat. 19:17 ss, Rom. 13:9; I Tim. 1:9, para exemplificar). CHAMPLIN, Russell Norman, Antigo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 4139-4140..] 2. Classificação. As autoridades religiosas de Israel sempre classificaram os Dez Mandamentos em dois grupos: teológico e ético; vertical e horizontal; relação do ser humano com Deus e com o próximo. Os primeiros mandamentos são teológicos e se resumem no primeiro e grande mandamento (Dt 6.5; Mt 22.37,38; Mc 12.30; Lc 10.27). Os da segunda tábua são éticos, e consistem em amar o próximo como a si mesmo (Lv 19.18; Mt 22.39; Mc 12.31). [Comentário: O Pr Esequias Soares, citando Carson, escreve o seguinte: “Quanto à lei, algo precisa ser dito sobre a alegada divisão em lei moral, lei cerimonial e lei civil. Desde muito tempo qualifica-se o Decálogo como lei moral, enquanto a parte da legislação mosaica que trata das cerimônias de sacrifícios e festas religiosas, entre outras, é chamada de lei cerimonial, e os preceitos de caráter jurídico são considerados lei civil. A visão tripartite da lei em preceitos morais, cerimoniais e civis não vem das Escrituras. "Embora essa distinção tripartite seja antiga, seu uso como fundamento para explicar a relação entre os testamentos não é demonstravelmente derivada do Novo Testamento e provavelmente não é anterior a Tomás de Aquino" (CARSON, 2011, p. 179)” Esequias Soares. Os Dez Mandamentos. Valores Divinos para uma Sociedade em Constante Mudança. Editora CPAD. pag. 25.] 3. Forma. A forma dos Dez Mandamentos é geralmente chamada de categórica ou absoluta. É uma das formas de lei que apresenta um estilo sóbrio e de estrutura rítmica, assonante, paralela e poética. Isso facilita a memorização e é apropriado para a leitura litúrgica e em grandes eventos religiosos (Dt 31.11). As proibições são sem concessão; não admitem exceção. Aqui temos oito proibições absolutas com a negação hebraica, lo, "não", forma incondicional, em tempo verbal que nas línguas ocidentais é chamado de "futuro". Os outros dois mandamentos dados a Israel são positivos: guardar o sábado e honrar pai e mãe (Êx 20.8-12; Dt 5.12-16). ). [Comentário: É habitual na erudição bíblica referir-se aos Dez Mandamentos e ao livro do concerto, que os segue, como lei no sentido de jurisprudência comum. Embora esta não seja uma noção totalmente errônea, o mais recente reconhecimento de que estas seções são nada menos do que as cláusulas de estipulação em um documento de tratado que teve o efeito saudável de localizá-los mais precisamente no ambiente histórico, literário e teológico. Estas estipulações não visavam regular o comportamento humano em geral, embora os princípios que elas incorporam sejam heurísticos e atemporais, mas acham seu lugar em um contrato cujo propósito é fornecer diretrizes legais, morais e religiosas para um povo especial escolhido para uma tarefa especial. E até para este povo os regulamentos não eram um meio pelo qual ele obtinha a salvação — que foi simbolizada pela Páscoa e pelo êxodo, mas um manual de instruções pelo qual o povo do concerto tinha de ordenar a vida nacional na missão como povo sacerdotal e mediador. As estipulações eram a torah no sentido de instruções. Tendo estabelecido a natureza da lei de Israel como estipulação do concerto, ainda é importante ressaltar que a grande seção de estipulação do tratado está dividida em duas partes, como já mencionamos. A primeira, os Dez Mandamentos, é de forma e função completamente diferente da segunda seção, o livro do concerto. Como mostraram muitos estudiosos, os mandamentos estão expressos na estrutura de lei apodíctica. Isto diz respeito à natureza geral, incondicional e elementar expressa em quase toda ocorrência por um “não farás”. O livro do concerto, por outro lado, está disposto na forma de lei casuística. Seus regulamentos tratam de casos específicos ou classes de incidentes e normalmente consistem em declarações tipo prótase-apódose, quer dizer: “Se alguém fizer isto ou aquilo, então esta é a penalidade”. Outra ressalva é que a seção de estipulação mais curta e geral é parecida com uma “constituição”, da qual a seção mais longa de estipulações se relaciona como um corpo de emendas ou, melhor, exemplos de aplicação específica. Assim, cada um dos dez mandamentos tem elaboração no resultante livro do concerto, com a consequência de que os princípios estão detalhados com referência precisa à vida prática e cotidiana. Roy B. Zuck. Teologia do Antigo Testamento. Editora CPAD. pag. 49-50.] SÍNTESE DO TÓPICO II A Lei é chamada de "Lei do Senhor" porque veio diretamente de Deus; e de Moisés, porque ela foi mediada pelo legislador de Israel. III. A QUESTÃO DOS PRECEITOS DA LEI 1. Uma só lei. Há uma corrente de interpretação que ensina ser o Decálogo a lei moral, enquanto a parte da legislação mosaica que trata das cerimônias de sacrifícios e festas religiosas, entre outras, é chamada de lei cerimonial. Esse pensamento nos parece inconsistente, pois não é ensino bíblico nem os judeus jamais dividiram sua lei em moral e cerimonial. Ao longo da história, eles observaram o sábado e a circuncisão com o mesmo cuidado. Jesus disse que a circuncisão está acima do sábado (Jo 7.22,23). [Comentário: Jesus acusou os judeus de fracasso no cumprimento da Lei. Não estavam fazendo a vontade de Deus nesse sentido. Como, então, poderiam aceitar Aquele a quem Deus tinha enviado? Suas intenções homicidas para com Ele eram por si mesmas violação do sexto mandamento. A multidão, ficando ao lado dos líderes sem conhecer seus desígnios, pensava que Jesus estivesse louco, atormentado por um demônio, imaginando que Sua vida estivesse em perigo (v. 20). O Senhor tinha de atingir as raízes da animosidade dos líderes. Aquele um só feito que Ele fizera em Jerusalém e que deixara todos maravilhados, mas que colocara os líderes contra Ele, foi a cura do homem aleijado, no sábado (cap. 5). O próprio Moisés, que os judeus respeitavam tanto, ordenou a circuncisão (embora a prática se originasse com os patriarcas e não com Moisés), de modo que ela tinha de ser realizada no oitavo dia (Lv. 12:3), mesmo se caísse no sábado. Pelo motivo (v. 22) não está bastante claro quanto à relação que tem com o assunto. Possivelmente aponta a seguinte linha de pensamento - que a circuncisão no sábado era aceitável e na realidade apontava para a obra que Jesus tinha realizado, uma vez que a restauração de um homem física e espiritualmente era até mais significativo do que a administração do sinal da aliança. Charles F. Pfeiffer. Comentário Bíblico Moody. Editora Batista Regular. João. pag. 44.] 2. A lei do Senhor e a lei de Moisés. O que de fato existem são preceitos morais, cerimoniais e civis, mas a lei é uma só. É chamada de lei do Senhor porque veio de Deus, e de lei de Moisés porque foi ele o mediador entre Deus e Israel (Ne 10.29). Ambos os termos aparecem alternadamente na Bíblia (Ne 8.1,2,8,18; Lc 2.22,23). A cerimônia dos holocaustos, a circuncisão e o preceito sobre o cuidado dos bois são igualmente reconhecidos como lei de Moisés (2 Cr 23.18; 30.16; At 15.5; 1 Co 9.9). [Comentário: Como Iegislador e Mediador da Aliança. A lei mosaica tanto foi uma legislação quanto foi uma aliança. E Moisés foi o instrumento humano para tanto. O capitulo vinte do livro de Êxodo fornece-nos a porção cêntrlca dessa legislação, mas quase todo o livro de Êxodo está envolvido em seu delineamento; e o livro de Deuteronômio repete a questão, com algumas adições, ao passo que o livro de Levítico fornece-nos as intrincadas leis acerca do sacerdócio e do culto religioso. A lei mosaica não era apenas um documento religioso de proibições. .Paralelamente a isso, era um complexo conjunto de leis civis, muitas delas com preceitos paralelos em outras legislações semíticas. Ver o artigo intitulado Hamurabi, Código de, quanto a uma ilustração a esse respeito. O código de Hamurabi foi escrito cinco séculos antes de Moisés; e os pontos de semelhança mostram que uma das fontes da legislação mosaica foi o fundo de leis desenvolvidas pelas culturas semíticas durante um longo período de tempo. Pode-se dizer que as leis civis de Moisés ocupam cerca de quarenta parágrafos em Êxodo 21-23; em Levitico 18-20, um pouco mais do que vinte parágrafos; em Deuteronômio 12-16, cerca de noventa parágrafos. O material, desse modo, mostra ser bastante completo, embora não exageradamente longo. Esses cento e cinquenta parágrafos são menos do que os 282 parágrafos do código de Hamurabi. As leis dos assírios ocupavam cerca de 115 parágrafos, embora muito mais material se tenha perdido. As leis dos heteus, até onde o demonstram as descobertas arqueológicas, ocupam cerca de 200 parágrafos. Esse pacto mosaico é contrastado com o Novo Testamento, trazido por Cristo. Caracterizava-se por uma lei, e, presumivelmente, era capaz de transmitir vida (ver Lev. 18:5). Entretanto, os eruditos hebreus têm demonstrado que, nos escritos de Moisés, essa vida era apenas terrena, e não pós-morte. Os intérpretes posteriores do judaísmo é que a interpretaram como pós-morte. Seja como for, como um contraste com a lei mosaica, a graça, a verdade e a vida eterna vieram por meio de Cristo (João 1:17). O evangelho anuncia ao mundo a graça divina (ver Rom. 3 e 4). O pacto mosaico estava contido em três divisões: a. os mandamentos (Êxo, 20); b. os juizos (Êxo, 21:1-24:11), que regulamentavam a vida social de Israel; e c. as ordenanças (Êxo. 24:13-31:18) que governavam a vida religiosa da nação. Esses três aspectos constituíam a lei. O trecho de 11 Cor. 3:7-9 caracteriza essa legislação como «ministério da morte» e «ministério da condenação», porquanto não era através da lei que a vida espiritual ê conferida ao homem. O crente do Novo Testamento não está debaixo da lei mosaica, e, sim, sob o incondicional Pacto Novo da graça divina (ver Rom. 3:21-27; 6:14,15; OU 2:16; 3:10-14; 4:21-31; Heb. 10:11-1). CHAMPLIN, Russell Norman, O Novo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Candeias. Vol. 5. pag. 340.] 3. A lei de Deus. A lei de Deus é todo o Pentateuco; trata-se de um livro, e não meramente das palavras escritas em tábuas de pedra (Js 24.26; Ne 8.8,18). Isso precisa ficar muito claro porque certos grupos sectários argumentam: "Você guarda a lei de Deus?". Isso por causa do sábado, e transmite a falsa ideia de que a lei de Deus se restringe aos Dez Mandamentos. Se eles guardam a lei de Deus, precisam observar os seus 613 preceitos; do contrário, estão sob a maldição (Gl 3.10). [Comentário: Josué e o povo selaram a aliança de servir a Deus quando escreveram as palavras no livro da Lei de Deus e no momento em que erigiram uma grande pedra debaixo do carvalho, a mesma árvore que Jacó encontrou quando veio a Siquém. Esta árvore ficava perto do santuário do Senhor, o qual, provavelmente, não era uma construção regular ou um templo, mas um lugar sagrado criado em Siquém ao levar o tabernáculo para lá. A referência às pessoas apresentando-se diante de Deus (v. 1) pode indicar que o tabernáculo estava lá. A pedra debaixo do carvalho funcionava como um lembrete legal ou testemunho de que a aliança fora assumida pelas pessoas. Agora, a pedra e o povo eram ambos as testemunhas. Isso reflete a função do altar construído pelas tribos que estavam assentadas a leste do Jordão, que também era um testemunho (Js 22.34). Uma grande pedra erguida, que data da época final da idade do Bronze (isto é, mais ou menos a época em que se passa essa história), foi encontrada em Siquém, e pode ser a pedra aqui mencionada. EarI D. Radmacher: Ronald B. Allen: H. Wayne House. O Novo Comentário Bíblico Antigo Testamento com recursos adicionais. Editora Central Gospel. pag. 399-400. Ele e outros leram do livro da lei, desde a alva até ao meio-dia (v. 3), e eles leram declarando (“claramente”, v.8 [versão RA]). A leitura das Escrituras em reuniões cristãs é uma ordenança de Deus, em que Ele é honrado, e sua Igreja, edificada. E, em ocasiões especiais, devemos estar abertos a participar por muitas horas juntos na leitura e exposição da palavra de Deus: os que são mencionados aqui se reuniram por seis horas. Que aqueles que lêem e pregam a palavra aprendam também a apresentar-se de maneira distinta, como aqueles que entendem o que dizem e são tocados por ela, e que desejam que esses a quem falam tenham condições de entendê-la, retê-la e ser tocados por ela. Laço é para o homem dizer precipitadamente (Pv. 20.25). (4) O que eles leram, isso expuseram, e disso mostraram a intenção e o significado, e a aplicação prática das palavras da lei; eles explicaram o sentido em outras palavras, faziam que, lendo, se entendesse (w. 7,8). Observe: [1] E necessário que aqueles que ouvem a palavra a entendam; caso contrário, não passam de palavras e sons vazios (Mt 24.15). [2] Portanto, exige- se que aqueles que são mestres por ofício expliquem a palavra e deem sentido a ela. Entendes tu o que lês?, e: Entendestes todas estas coisas? (veja Mt 13.51), são boas perguntas a serem colocadas para os ouvintes; mas: Como poderei entender, se alguém me não ensinar? (At 8.30,31). Ler é bom e pregar é bom, mas a exposição une a leitura e a pregação, e assim torna a leitura tanto mais inteligível e a pregação tanto mais convincente. (5) O povo comportou-se de maneira muito apropriada quando a palavra foi lida e aberta a eles. [1] Com grande reverência. Quando Esdras abriu o livro, todo o povo se pôs em pé (v. 5), mostrando dessa forma respeito tanto por Esdras quanto pela palavra que ele estava prestes a ler. Cabe aos servos ficar em pé, quando seu senhor fala com eles, em honra ao seu senhor e para mostrar a disposição em fazer o que lhes é ordenado. [2] Com grande firmeza e compostura. O povo estava no seu posto (v.7); diversos ministros estavam lendo e expondo a certa distância um do outro, e cada um do povo permaneceu no seu lugar, não se dirigia primeiro para um e então para outro, para fazer comentários sobre eles, mas permanecia no seu lugar, para que não perturbasse o outro nem fosse ele próprio perturbado. [3] Com grande atenção e disposição: os ouvidos de todo o povo estavam atentos ao livro da Lei (v. 3). Seus ouvidos estavam como acorrentados a ele; eles ouviam prontamente, e prestavam atenção em cada palavra. A palavra de Deus requer atenção e a merece. Se por causa de descuido deixamos escapar muita coisa ao ouvir, existe o perigo de que pelo esquecimento deixemos escapar tudo depois de ouvir. HENRY. Matthew. Comentário Matthew Henry Antigo Testamento Josué a Ester. Editora CPAD. pag. 825.] SÍNTESE DO TÓPICO III A Lei é chamada de "Lei do Senhor" porque veio diretamente de Deus; e de Moisés, porque ela foi mediada pelo legislador de Israel. IV. A LEI E A GRAÇA 1. A transitoriedade da lei. O Senhor Jesus cumpriu toda a lei, os preceitos morais, cerimoniais e civis (Mt 5.17,18). O apóstolo Paulo é muito claro quando fala que “o ministério da morte, gravado com letras em pedras [...] era transitório” (2 Co 3.7,11). No entanto, a verdade moral contida no sistema mosaico, como disse o teólogo Chafer, “foi restaurada sob a graça, mas adaptada à graça, e não à lei”. Isso diz respeito a sua função e não compromete a sua autoridade como revelação de Deus e parte das Escrituras divinamente inspiradas (2 Tm 3.16,17). [Comentário: Agora o apóstolo apresenta de um modo claro o que ele tinha apenas mencionado previamente (cf. 3, 6) - o contraste entre as dispensações (cf. RSV) da Lei e do Espírito, entre o ministério de Moisés e o de Paulo. O ministério de Moisés (7) é caracterizado pela glória (“brilho”, RSV) no rosto de Moisés. “Transitória como era” (NASB), era ainda assim tão brilhante que os filhos (huious, “filhos”) de Israel não podiam “olhar atentamente” (NASB) para ela (Êx 34.29-30). A ênfase de Paulo está na glória ou no esplendor do ministério de Moisés como uma revelação da eterna vontade de Deus. Assim, se o ministério da morte, gravado com letras em pedras (cf. Rm 7.7-8; 1 Co 15.16), veio em glória, não é óbvio (ouchi), pergunta Paulo, que “seja de maior glória (ou resplendor, RSV)” o ministério do Espírito (8), que dá a vida (3.6; cf. G1 3.5)? Então, na segunda fase do seu contraste, ele prossegue explicando que “se o ministério da condenação [Dt 27.26; G1 3.10] foi glorioso, muito mais excederá em glória o ministério da justiça” (9, NASB) [Rm 1.17; 5.17; 8.1-4; 1 Co 1.30].'“A lei”, comenta Calvino, “deve nos mostrar a doença, de modo a não nos mostrar, ao mesmo tempo, qualquer esperança de cura; o evangelho deve trazer o remédio àqueles que já não têm mais esperança”. O último supera a primeira “porque é uma coisa muito maior absolver o pecador condenado do que condená-lo”. Uma só considera a lei escrita nas pedras; o outro, considera o sangue do próprio Filho de Deus e o poder do Espírito. A justiça sobre a qual Paulo baseia a superioridade do seu ministério é “a justiça de Deus” revelada no “evangelho de Cristo” (Rm 1.16-17), que ele expõe em termos de justificação e santificação em Romanos 3.31—8.39. Este contraste entre ministérios pode até mesmo ser considerado tão radical, que o primeiro, que foi glorificado (10) como um instrumento da auto-revelação de Deus, agora, “nesta parte, não foi glorificado, por causa desta excelente glória” (NASB) - a glória do segundo, que o supera em muito (cf. Jo 1.17; Rm 10.4; G1 3.21-25). “A sua glória agora está diminuída, como o brilho dos lampiões quando chega o amanhecer” (R. A. Knox). Paulo desenvolve o seu ponto final do contraste (11) a partir do brilho do rosto de Moisés (3.7), que já desaparecia, de acordo com a tradição judaica, mesmo quando ele estava descendo do Monte Sinai. Ele viu isto como sendo um sinal da natureza transitória do antigo concerto, que Moisés representava. O contraste é com a permanência da revelação do Espírito. Porque, se o que era transitório foi para glória (dia doxes), muito mais é em glória (en doxe) o que permanece. Assim, a adequação do ministério apostólico de Paulo é a sua superioridade como um ministério do novo concerto - um ministério do Espírito - superior (1) como a vida é mais gloriosa do que a morte, (2) como a justiça é mais gloriosa do que a condenação, e (3) como aquilo que é permanente é mais glorioso do que aquilo que é transitório. Donald S. Metz. Comentário Bíblico Beacon. II Coríntios. Editora CPAD. Vol. 8. pag. 419.] 2. A graça. O Senhor Jesus e o apóstolo Paulo citaram Levítico 18.5 como meio hipotético de salvação pela observância da lei (Mt 19.17; Gl 3.11). Mas ninguém jamais conseguiu cumprir toda a lei, exceto Jesus. O mais excelente dos rabis de Israel só conseguiu cumprir 230 pontos dos 613 preceitos da lei. A lei diz “faça e viva”, no entanto, a graça diz “viva e faça”. Por esta razão os cristãos estão debaixo da graça, e não da lei (Rm 6.14; Gl 3.23-25). A lei não tem domínio sobre nós (Rm 7.1-4). [Comentário: Lv 18.5 Cumprindo os quais, 0 homem viverá por eles. Vivia-se, vivendo corretamente. A vida consistia na guarda da lei. Este versículo é muito empregado para mostrar que os hebreus esperavam obter a vida eterna mediante a guarda da lei. Posteriormente, os judeus interpretavam-no nesse sentido. Mas foi essa a questão central que o apóstolo Paulo combateu e repudiou, em Gál. 3.21,22. Disse ele: .. se fosse promulgada uma lei que pudesse dar vida, a justiça, na verdade seria procedente de lei. Mas a Escritura encerrou tudo sob o pecado, para que mediante a fé em Jesus Cristo fosse a promessa concedida aos que crêem”. Mas em Lev. 18.5, “vida" não é a vida eterna. Em parte alguma do Pentateuco temos a promessa de vida além-túmulo para os que vivessem retamente, nem temos ameaças de juízo, além-túmulo, para os que não vives- sem retamente. O Pentateuco não contém a doutrina da alma, embora ela seja antecipada na doutrina da imagem de Deus, em Gên. 1.26,27. Séculos mais tarde, nas mãos de Paulo, essa doutrina tornou-se muito importante, como centro da vida e natureza da alma eterna (Rom. 8.29 ss.; I João 3.2). Tal desenvolvimento teológico, contudo, não começou nos dias de Moisés. A ideia da alma começa nos Salmos e nos Profetas; mas 0 assunto da bem-aventurança ou da punição eternas, além-túmulo, ainda precisou de muito mais tempo para ser consolidado dentro da teologia dos hebreus. Simplesmente temos de admitir que a teologia judaica, nesse particular, era deficiente, sendo esse um dos pontos que a revelação cristã veio aprimorar. Não há que duvidar, sem embargo, de que, posteriormente, quando os judeus vieram a crer firmemente na existência da alma imortal e imaterial, o trecho de Lev.18.5 passou a ser empregado para mostrar que a vida etema viria através da guarda da lei. E isso armou o palco para o repúdio a tal ensino, por parte de Paulo. A vida referida em Lev. 18.5 é uma vida física abundante, abençoada por YHWH. Uma vida boa, mediante a observância dos mandamentos, mas que termina na morte. É melhor alguém viver bem do que ao contrário, e a guarda da lei fazia parte integral de uma vida boa e longa sobre a terra, sob a bênção de YHWH. “A obediência às leis de Deus produzia, em Seu povo, vidas felizes e realizadas (cf. Lev. 26.3-13; Deu. 28.1-14)” (F. Duane Lindsey, in ioc.). “As autoridades religiosas dos dias do segundo templo interpretavam essa cláusula no sentido de que quem obedecesse a essas leis teria a vida eterna. Por isso mesmo, as antigas versões caldaicas traduziam-na como “terá a vida eterna”. Essa passagem foi citada tanto pelos profetas (Eze. 20.11; Nee. 9.29) quanto pelo apóstolo Paulo (Rom. 10.5 e Gál. 3.12), 0 qual contrastou essa promessa, baseada nas obras, com a promessa do evangelho, baseada na fé” (Ellicott, in toe.). O argumento paulino, naturalmente, era que viver a lei, obedecer aos seus conceitos, é algo realmente acima da capacidade humana. Por isso mesmo, 0 homem precisa de um sistema diferente do da lei, o sistema da graça-fé. CHAMPLIN, Russell Norman, Antigo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 545..] 3. Os mandamentos de Cristo. Perguntaram a Jesus o que se deve fazer para executar as obras de Deus. A resposta não foi guardar o sábado, nem a lei e nem os Dez Mandamentos, mas exercer fé em Jesus (Jo 6.28,29). Essa doutrina é ratificada mais adiante (1 Jo 3.23,24). Jesus falou diversas vezes sobre o novo mandamento, a lei de Cristo, o amor operado pelo Espírito Santo na vida cristã (Jo 13.34; 14.15, 21; 15.10). O Senhor Jesus não incluiu o sistema mosaico na Grande Comissão. Ele disse para “guardar todas as coisas que eu vos tenho mandado” (Mt 28.20). O mandamento de Cristo é a fé nEle, é a lei do amor (Rm 13.10; Gl 5.14) e não a letra da lei. Quem ama a Cristo tem a lei do Espírito em seu coração. [Comentário: Jo 14.15 «...se me amais, guardareis os meus mandamentos...» Este versículo vincula os nossos pensamentos aos conceitos emitidos nos versículos anteriores, sobre a feitura de obras que os crentes realizassem cm nome de Jesus. Aqueles que haveriam de realizar essas obras, e essas formas dc obras seriam maiores do que aquelas que o próprio Senhor Jesus fez neste mundo, jamais seriam realidades não fora a presença do amor que é aqui mencionado e nem fora a força proporcionada pelo Espírito Santo, que aparece nos dois versículos seguintes. A atuação do *Logos* encarnado foi motivado pelo amor. tal como a ação de Deus Pai, ao enviar Cristo ao mundo. (Ver João 3:16). Aqueles que estão unidos dentro da família de Deus devem participar de um amor mútuo, amor esse que forçosamente inspira ações características da natureza de Cristo. Tholuck (in loc.) tem uma excelente observação sobre a natureza desse amor: ·Para João o amor não consiste meramente em felicidade dc sentimentos; mas é unidade de vontade com o amado (ver João 14:21; IS: 14 c I João 3:18). É o amor que torna os homens susceptíveis a comunhão com o Consolador: o mundo não pode recebê-lo». Entretanto, também expressa a verdade aquilo que Lange registrou (in loc.). ao dizer: *A amorosa contemplação da personalidade dc Cristo é o vinculo dc comunhão dos discípulos, aquilo que faz deles uma personalidade coletiva, e nessa comunhão podem tornar-se o órgão da manifestação pessoal do Espírito Santo*. Quanto ao sentido da palavra ·mandamentos·, neste ponto, poderíamos destacar as seguintes observações: 1. Não se trata de alguma referência direta aos dez mandamentos, quer segundo aparecem os mesmos nas páginas do A. T., quer segundo aparecem incorporados no N. T. 2. Não se trata de uma referência às diversas instruções que Jesus deu a seus discípulos. 3. Mas trata-se de uma alusão ao corpo e espírito inteiro daquilo que os homens aprendem mediante a sua associação com Jesus e, mais particularmente, por pertencerem à família celestial da qual ele é o irmão mais velho e na qual há o Pai celeste. Os seus mandamentos são as normas que orientam essa família. Os princípios éticos da família celeste, o que não se limita aos dez mandamentos, mas nem por isso é contrário aos mesmos. 4. Na referência em foco, neste ponto, há uma alusão especial ao novo mandamento, que é a lei do amor, que se mostra saliente entre todos os mandamentos, sumariando a eles todos dentro de poucas palavras e que haveria de ser uma característica toda especial de cada membro dessa família, bem como da família como uma comunidade local, na forma de igreja. O espírito de todas essas verdades pode ser encontrado na declaração apostólica de Paulo: «...logo. já não sou eu quem vive, mas Cristo vive em mim; e esse viver que agora tenho na carne, vivo pela fé no Filho de Deus, que me amou e a si mesmo se entregou por mim» (Gál. 2:20). Estamos fazendo progresso, em nossa obediência e aplicação da lei do amor, quando começamos a ter cuidado pelos outros segundo cuidamos de nós mesmos; quando nos parece tão importante o que acontece aos outros, como o que acontece conosco; e, acima de tudo, quando em tudo desejamos para os outros não menos do que para nós mesmos. O amor é uma profunda motivação que provoca a partilha e o mais autêntico altruísmo, e isso é abundantemente ilustrado na vida de Cristo, que viveu para os outros e morreu pelos outros. O amor é um produto da influência do Espírito no coração do crente (um dos aspectos do fruto do Espírito—ver Gál. 5:22), e faz parte da transformação ética que o Espírito Santo opera nos remidos, servindo também de evidência do desenvolvimento espiritual dos mesmos. CHAMPLIN, Russell Norman, O Novo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Candeias. Vol. 2. pag. 529..] SÍNTESE DO TÓPICO IV Em Jesus Cristo, toda a lei foi cumprida, isto é, todos os preceitos morais, cerimoniais e civis. Hoje, vivemos sob a Graça de Deus CONCLUSÃO A tendência humana é se esforçar para merecer a salvação, por isso ainda há aqueles que se ofendem com a mensagem de que a salvação é pela fé em Jesus, sem as obras da lei (Gl 2.16). O que tais pessoas querem é fazer do cristianismo um remendo de pano novo em veste. [Comentário: A lei cumpriu o seu papel, ou seja, mostrou que o homem é um pecador, mas não pôde fazer nada para limpá-lo, justificá-lo, santificá-lo. Porém Deus enviou seu Filho, e nEle está revelada a Graça. O crente se beneficia da lei estando debaixo da obra redentora de Cristo. O mérito de Cristo, sendo obediente à lei até as últimas consequências, compra-nos o benefício da salvação e a graça de conhecermos a vontade de Deus pela sua lei. O único modo de o ser humano ser salvo é submeter-se totalmente àquele que, por mérito, compra-lhe a salvação. Ainda aqui o homem é beneficiado pela Lei. Cristo a cumpre e declara justificado aquele por quem ele morre.]. “NaquEle que me garante: "Pela graça sois salvos, por meio da fé, e isto não vem de vós, é dom de Deus" (Ef 2.8)”, Francisco Barbosa Campina Grande-PB Janeiro de 2015 PARA REFLETIR A respeito dos Dez Mandamentos: É correto afirmar que eles foram abolidos como lei? O Decálogo é a Lei de Deus, assim como todo o Pentateuco. É chamado de Lei de Deus porque veio do próprio Senhor. Jesus Cristo cumpriu toda a Lei, e hoje ela está gravada, não em pedras, mas no coração daqueles que foram alcançados pela graça de Deus (2 Co 3.7,11). Devemos guardar os Dez Mandamentos como os judeus guardam? Os crentes não devem guardar os mandamentos como se houvesse apenas esses. Mas devem guardar no coração o novo mandamento de Cristo: a Lei de Cristo, o amor operado pelo Espírito Santo na vida cristã (1 Jo 3.23,24). Assim cumpriremos todos os mandamentos. Se Jesus cumpriu toda a Lei, devemos observar os Dez Mandamentos? Quando perguntaram a Jesus o que se deveria fazer para executar a obra de Deus, Ele não disse que deveríamos guardar o sábado ou os Dez Mandamentos, mas exercer a fé nEle (Jo 6.28,29). Isto é, observando a lei de Cristo, o amor operado pelo Espírito. O que é preciso fazer para executar as obras de Deus? Exercer a fé em Cristo e cumprir a lei do amor (Rm 13.10; Gl 5.14). A salvação se conquista por méritos humanos? Não. É pela graça de Deus, por meio de Cristo Jesus, o nosso Senhor (Ef 2.8-10). NOTAS BIBLIOGRÁFICAS Revista Lições Bíblicas Mestre - 1º Trim./2015 - CPAD Tema: "Os Dez Mandamentos" - Os Valores Divinos para uma Sociedade e Constante Mudança Comentário: Pr. Esequias Soares Consultores Doutrinários e Teológicos: Pr. Antonio Gilberto e Pr. Claudionor de Andrade Autorizo a todos que quiserem fazer uso dos subsídios colocados neste Blog. Solicito, tão somente, que indiquem a fonte e não modifiquem o seu conteúdo. Agradeceria, igualmente, a gentileza de um e-mail indicando qual o texto.